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"O amor é isso: Não prende, não aperta, não sufoca. Porque quando vira nó, já deixou de ser laço". Mário Quintana
sábado, 28 de fevereiro de 2015
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
O ARCO-IRIS E A UTOPIA
O arco-íris
é um dos mais belos fenômenos da natureza e que ainda hoje encanta seus
observadores, apesar da modernidade e de as cidades terem sido tomadas pelos
arranha-céus.
No passado
esse fenômeno foi pleno de mitos, lendas e simbolismos, pelo fato de não ser inteiramente explicado. A
Antropologia e a Historia mostram que os fenômenos físicos não explicados e
compreendidos passam automaticamente para o reino místico, para o sobrenatural.
Exemplos dos raios e trovões mistificados pelos antigos, mas hoje perfeitamente
compreendidos, ainda que temidos.
O arco-íris
é um fenômeno físico, ligado à ótica, isto é, aos efeitos da luz solar, sem
cor, que ao passar pelas gotas de água das chuvas ainda suspensas na atmosfera,
são refratadas, subdividindo-se nas cores básicas do espectro visível, que vai do vermelho ao violeta, projetando-se num belo arco lá na frente. Nesse caso, as gotas
d’água funcionam como o prisma que, como sabemos através de experiências de
laboratório refratam (dividem), a luz branca em feixes coloridos.
Foi Isaac
Newton, famoso físico inglês quem primeiro fez tal experiência e ofereceu as
primeiras explicações ao fenômeno, causando até protestos por parte do poeta John
Keats, também inglês, que reclamou pelo fato de Newton ter eliminado todo o
romantismo que até então envolvia o arco-iris.
Muitos
povos e civilizações antigas construíram seus mitos em relação ao arco-íris. A
principal delas é em relação ao pote de ouro que ficaria numa de suas pontas.
Outras lendas referem-se às ligações entre o céu e a terra.
No Antigo
Testamento simboliza a “Aliança” entre Deus e os judeus após o dilúvio, como
promessa de que castigos semelhantes não mais aconteceriam.
Povos
ciganos, nativos da América, civilizações africanas e nórdicas também
desenvolveram simbolismos a respeito do arco-íris.
Essas
lendas, mitos e simbolismos, claro que sob o olhar do presente, sob o signo da
modernidade, já não fazem sentido. Entretanto, elas permanecem na cultura dos
povos e têm seu valor, como busca da utopia.
Como
sabemos, a utopia é um sonho irrealizável. Mas também é uma grande motivadora
de vida, É de Eduardo Galeano a frase que dá conta que “...Se cada vez que nos aproximamos da utopia e ela se afasta de nós,
qual é a sua função? Sua função é, de fato, nos fazer caminhar...”
O arco-íris
é luz, energia, não é sólido. É palpável aos olhos, mas não às mãos. Buscá-lo,
encontrá-lo, tocá-lo, é impossível. Mas ele continua lá, desafiando-nos,
chamando-os, extasiando-nos.
Então,
que ele venha até nós através da nossa imaginação. Que não nos traga tesouros,
mas que nos faça caminhar, que nos inspire a fazer poesias, músicas e contos...
Que nos ligue ao céu.
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Google
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
IDEIA FIXA
A
“Ideia Fixa”, uma manifestação particular de uma questão maior, que é o TOC,
Transtorno obsessivo Compulsivo, que afeta uma grande número de pessoas.
Muito
se fala sobre o TOC. Trabalhos, comentários, reportagens, entrevistas
praticamente esgotam o assunto diariamente.
Seguem
algumas considerações a respeito das pessoas que têm Ideias Fixas sobre
determinados assuntos.... E delas não abrem mão, pois não cessam de focarem
nelas, considerando-as seu patrimônio intransferível.
O
aspecto doentio nem é tão grave, mas que impacta diretamente na personalidade
das pessoas, especialmente na sua arrogância e seu orgulho...
Pessoas
com Ideia fixa não aceitam perdas... Muito menos serem contrariadas. Enervam-se
e torna o relacionamento com elas uma chatice. Não são capazes de reavaliar os
seus pensamentos e não consideraram as idéias dos outros. Vivem na “mesmice... Antes,
de qualquer coisa, são dignas de pena, pois trazem na alma um histórico do
complexo inferioridade e de infantilidade.
Quando,
carregadas por ímpetos de maldade, de dissimulação, tornam-se perigosas e ainda
mais indesejáveis. Porém, uma coisa não justifica a outra. São pessoas
encrenqueiras, que arrumam confusões e estão sempre achando que alguém no mundo
lhe deve uma resposta, uma explicação, ou uma satisfação.
Pessoas
fragilizadas pelo seu histórico de desmandos e desencontros psicológicos ao
longo da vida precisam de ajuda profissional, de terapias. Ou auxílios de
pessoas especialistas em gente, como sacerdotes, pastores, religiosas,
professores e conselheiros familiares.
Pessoas
conscientes de que são assim, precisam rever seus posicionamentos, suas
posturas, suas maneiras de ser. Eventualmente procurar ajuda.
Tanto
neste quanto no outro caso, é estreitamente necessário o “querer” das pessoas.
Da mesma forma que é muito complicado tratar um consumidor de drogas quando ele
não quer, não deseja ser tratado, o mesmo acontece com os portadores de TOC. A
princípio, essas pessoas são senhoras de si mesmas e acham que não são ou estão
doentes. Não é fácil penetrar no seu mundo e transformá-la de dentro para fora.
Enquanto
isso vamos convivendo com pessoas difíceis, tendo que aturá-las, ou fugindo
delas, até para evitarmos escândalos,
tumultos e outros tipos de “barracos”.
Assim
não dá...
Imagem:
Google
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
MODELOS DE VIDA... (SALVAR OU DESTRUIR O PLANETA?)
Revendo a História dos
grandes modelos de vida e suas biografias, podemos pinçar alguns exemplos, atos
e atitudes que nos fazem refletir e até nos motivar a transformar nossa vida,
não com atos heróicos, mas como pequenos gestos, num tempo em que é tão
necessária a radicalidade para construirmos um futuro melhor para nossos
descendentes e, por que não, para a humanidade.
Francisco de Assis, percebendo
a futilidade e a banalidade da vida luxuosa, num gesto de extrema coragem para
seu tempo, despiu-se, ficou literalmente nu em plena praça e, cobrindo-se de
roupas simples foi para a floresta conviver com os animais e com os amigos que
atenderam o seu chamado para Uma vida pobre, natural, sem luxo.
Madre Tereza de
Calcutá, conta-se, ainda jovem vivia enclausurada. Certo dia ouviu os gritos de um mendigo que clamava por
comida. Incomodada, foi até a superiora, advogando ajuda para aquele homem. Foi
orientada a voltar para o seu quarto e não se preocupar, pois sua missão era
orar pelo fim da pobreza. Mas os apelos continuavam. Novamente a superiora
negou ajuda. O que ela fez? Pulou o muro, atendeu o mendigo e nunca mais voltou
à clausura. Preferiu o clausura do mundo onde estão os pobres e fundou sua
instituição que espalha caridade, não só na índia, mas em todo o mundo.
Maximiliano Kolbe,
padre polonês, contemporâneo e amigo de João Paulo II, preso pelos nazistas,
viu um um companheiro de prisão estava marcado para morrer fuzilado. Chorava
muito e pedia clemência, pois tinha família para cuidar. Maximiliano, condoído,
apresentou-se ao soldado para morrer em seu lugar, o que prontamente o soldado
aceitou. E assim aconteceu. Não faz tempo que aquele homem, salvo pelo padre,
morreu de morte natural. Kolbe foi canonizado por João Paulo II.
Sidarta Gautama, o
Buda, vivia no palácio, sendo preparado para ser o futuro rei do seu povo, que
ele não conhecia, pois estava enclausurado e protegido. Adolescente resolveu
fugir para conhecer o seu país e, naturalmente, o seu povo. Chegou até a
periferia e viu o quanto era o sofrimento de sua gente. Ficou compadecido e se
junto aos párias, os excluídos, os quais, eram identificado pelas cabeças
raspadas. Buda também raspou a cabeça em solidariedade e nunca mais voltou ao
palácio, abandonado o seu projeto de ser rei. Por isso os sacerdotes budistas
raspam suas cabeças. É em solidariedade aos mais pobres e excluídos.
Pedro era o mais rude
dos apóstolos. Mesmo assim Jesus o escolheu como o seu sucessor, Ainda assim,
Pedro, nos momento críticos da morte de seu mestre, o negou três vezes. Pedro
fez um grande trabalho para divulgar o cristianismo. Foi para Roma, onde se
transformou no primeiro Papa. Perseguido pelos Romanos, foi preso e condenado a
morte na cruz, o castigo para os piores inimigos de Roma. Pedro pediu para ser
crucificado de cabeça para baixo, pois achou-se indigno de morrer como Jesus,
seu mestre.
Tiradentes era o mais inculto dos Inconfidentes mineiros. Durante o
processo investigatório pelos emissários portugueses, foi recaindo sobre ele a
principal culpa do movimento contra a Coroa Portuguesa. Foi condenado à forca,
o único. Muito fraco, seu corpo não conseguiu matá-lo, tendo para isso a ajuda
do carrasco que abriu o cadafalso. José Joaquim da Silva Xavier, o seu verdadeiro
nome teria dito momentos antes de sua morte: “Mil vidas eu tivesse, mil vidas eu daria”. Os nacionalistas
brasileiros passaram a retratá-lo muito parecido com Jesus, O Salvador da Pátria.
São muitos, milhares,
talvez milhões de exemplos de pessoas doaram e doam suas vidas para o bem do
próximo. São pessoas essenciais para a vida de outras pessoas. Capazes de
pequenos gestos e grandes atitudes.
Que tal fazermos a
nossa parte, pelo menos economizando água e protegendo o resta da natureza?
Passaremos para a história como “salvadores da pátria”, e não como a geração
que destruiu o planeta...
Imagens: Google
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
DIÁLOGO COM DEUS
Senhor,,,
Nestes dias de
reflexão, sensibilizado, percebo que tenho tanto a Lhe agradecer... E muito pouco a pedir...
Senhor...
Sou-Lhe grato pelo
amor da em minha vida... Sei que ela sofre calada... E seu rosto só sabe
sorrir, especialmente para me animar e não me entristecer... Peço suas bênçãos
sobre ela, fortaleça-a ainda mais e me ajude a fazê-la muito mais feliz, como
eu sou feliz.
O Senhor tem feito
tantos milagres em minha vida, que não posso contá-los... Para não cometer
injustiças...
São tantas as janelas
abertas... Não, não posso descuidar em dar as costas a nenhuma delas...
Senhor...
Uma coisa é certa: eu
sei pelo menos agradecê-Lo a dia que amanhece, pois sou abençoado pelo dom da
vida. E vida é oportunidade de ir à luta...
Senhor...
São tantas pessoas
precisando de seus cuidados. As crises: hídrica, social, econômica,.. Dramas
pessoais, dos quais cada um e o Senhor sabem o tamanho da dor que eles geram.
Pessoas que sofrem caladas... Pessoas que gritam... Pessoas que choram... Pessoas
que se alegram com a chuva, pessoas que a temem desesperadamente.
Senhor...
A falta de moral, a
degradação dos costumes, as drogas, a bebida, a violência... Que comprometem o
futuro do nosso país e principalmente do povo que nele habita. Grande parte
dele não tem educação suficiente... Não sabe votar e se deixam enganar por
políticos corruptos.
Senhor,,,
Eu sei das cruzes que
coloca nos ombros das pessoas. Por mais pesadas que possam parecer, estão no
limite da superação de cada um. Agradeço-Lhe, também, pela minha... É com amor
que a carrego.
Senhor...
Penso no Apóstolo
Paulo que escreveu esta afirmação séria e consoladora: “Completo em mim as
chagas de Jesus Cristo”...
Senhor,,,
Agradeço-Lhe pelas
mãos que cuidam de mim, do amor com que me suportam e não me deixam abater...
São mãos de amigos, de pais, irmãos, parentes e especialmente mãos anônimas,
que no exercício de sua missão inspiram e demonstram amor e carinho para com
todos que lhes estão próximos.
Senhor...
Nada quero de
especial... Quero apenas ser um pouco, pouco mesmo do projeto de Francisco de
Assis: “...Um instrumento de Sua paz”.
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sábado, 14 de fevereiro de 2015
CRISE, CARNAVAL E QUARESMA
Estamos vivendo um ano
que, literalmente, vai ser um divisor de águas na história do nosso país.
Estamos já entrando na plenitude do carnaval e, em seguida vem um tempo
especial, para os cristãos, a Quaresma.
E não hã como negar a
influencia da cristandade na formação sócio-cultural e religiosa da sociedade
ocidental, fundamentada nas culturas Greco-romana e cristã. Não há como negar,
também, que até os conscientemente ateus são impactados pelos eventos desse
período,
Assim, tanto Carnaval
quanto Quaresma são tempos especiais. Aquele convida ao divertimento, à
alegria, ao esbanjamento, aos excessos, aos perigos da vida mundana, bebidas,
drogas, sexualismo. É um tempo do chamado “vale tudo”. O Carnaval convida
também para a reflexão, para a introspecção. Vários movimentos religiosos
realizam retiros espirituais como alternativas para aqueles que resistem aos
apelos do reinado de momo.
Portanto, mais do que
nunca Carnaval e Quaresma, em 2015, são
essenciais para a preparação e enfrentamento da realidade que virá durante o
ano. O Brasil está em crise e pede socorro. A primeira grande oportunidade do
povo se unir e juntos estender a Mao ao país já passou: foram as eleições. A
decisão foi pelo continuísmo (também, que opções se tinha?).
É hora de pequenos
gestos e de grandes atitudes. Pequenos gestos, por exemplo, economizar água no
corriqueiro ato de lavar as mãos. Um exemplo: larvar as mãos deixando a
torneira aberta gasta-se até 12
litros de água. Fechar a torneira, enquanto se ensaboa as
mãos, o gasto pode chegar a apenas 2 litros . E hora de mudar.
Grandes atitudes é
perceber que o Brasil dos sonhos não existe. Se existe, está projetado para
muito longe no tempo. Gigante com os pés de barro, o Brasil é o pais do engodo,
da mentira... Da corrupção e do desprezo pelas causas mais nobres da sociedade,
com educação, saúde, infraestrutura e proteção da natureza.
Povo unido, país
forte. Se vamos desopilar o fígado no Carnaval, preparemo-nos pela
“Quarta-feira de Cinzas” (Tu és pó...) Vem chumbo grosso por aí.
A Quaresma não serva
apenas para fazer jejum e abstinência. Tem gente nem sabe o quê são e para quê
servem. Muito menos a Quaresma serve para alienação, fugir dos problemas,
entregá-los nas mãos de Deus. Não é assim que funciona. Existe um protagonismo
histórico aí. Isto é, fazer acontecer, com atitudes práticas e gestos
concretos.
O Brasil perdeu em
casa a Copa do Mundo de futebol, e está perdendo outras copas: a crise hídrica
no Sudeste, a crise moral na política, o descontrole da macroeconomia, a perda
da credibilidade internacional e interna, a saúde, a educação, e outras tantas
copas, que podemos falar em geração perdida, em década perdida, em apocalipse.
Vamos nos divertir,
vamos refletir, vamos colimar sonhos, vamos agir. Não vamos desperdiçar novas
chances... Estamos no buraco, ainda bem que não tem terra em cima.
Imagem: Google
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
EXISTIR OU VIVER
Há uma diferença
crucial entre o viver e o existir; se estamos vivos, existimos, se estamos
mortos, também existimos.
“...Tá lá um corpo estendido no chão...” Diz a letra “De frente pro
crime” de João Bosco. Sim, lá existe um corpo. Como existe uma árvore caída,
interrompendo o trânsito. Ou, naquela represa, neste momento, devido à estiagem
brava, existem muitos peixes mortos.
O que existe
simplesmente “é”. Um ser animado, com vida; ou inanimado, sem vida.
Existimos por um
milagre, ainda não totalmente explicado (por isso, o milagre). Num ato de amor,
assim o presumimos, dois seres vivos, se unem para formar um novo ser vivo.
Eles morrem para se transformarem num novo ser, o feto, que passa a “existir”,
com vida, no útero materno.
Quando nascemos, ainda
somos um ser “existente”, pois, recém-nascidos, ainda não fizemos as nossas
opções. Trazemos uma carga em potencial de realização, que vai se
materializando, dependendo de uma série de circunstancias, ao longo do nosso
crescimento, em idade, em tamanho e em mentalidade. Enquanto crianças, por
muito tempo existimos em função de nossos pais, que ditarão o “nosso” querer,
quase sempre imbuídos de ótimas intenções.
Mas, eis que chega o
tempo no nosso querer verdadeiro. Não há um tempo certo... Um tempo calendário,
quantitativo, físico. É um tempo qualitativo.
Quando chega esse tempo, aí, sim vamos exercer as nossas opções de vida.
Nesse momento acontece
a diferença entre o viver e o existir. É o tempo do amadurecimento, portanto,
tempo de colheita. O fruto maduro tem poucas opções: é colhido para a
satisfação humana ou animal, ou cai para
renovar-se e se transformar em nova árvore. É sua função natural.
Nós temos um leque
infindável de opções. Difícil enumerá-las. Encontrá-las depende de outras
infindáveis variáveis colocadas à nossa disposição.
Em síntese: escolhe-se
existir, permanecendo na inércia da infantilidade, sempre na dependência de
alguém, como o filho depende de sua mãe; ou a força da maturidade para escolher
caminhos, construir sua própria história. Caminhar com os próprios pés rumo à
realização pessoal, profissional, social, política e etc... etc... etc...
Existir é “ser”
qualquer coisa. Claro que podem acontecer acidentes de percurso. Uma doença
incapacitante, uma paralisia... Algo que está fora do nosso controle.
Viver é fazer
“acontecer”, é marcar a nossa passagem pela vida, em consonância com o amor que
nos gerou. É ser feliz e fazer a felicidade de outras pessoas. É fazer com que as pessoas sintam muito mais
a nossa ausência do que a nossa presença.
Portanto, existir é um
fato consumado. Viver é uma opção de “vida”
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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
GASES TRAQUINAS
Ele, aos quarenta
anos, apesar de responsável, trabalhador, pai de família, permanecia um menino,
alegre, observador e sempre pronto para “aprontar” das suas traquinagens.
Ela uma senhorinha já
na terceira idade, mantinha sua postura de gente da classe média alta, cheia de
direitos e apresentando sinais de arrogância.
Nada de comum entre
eles... Distância quilométrica os separava. Não se conheciam, nunca se falaram
e sem a menor chance de e falarem algum dia. Jamais se miraram um no olho do
outro, nem naquele dia.
Naquele dia, ele
tocava sua vida como sempre. O diferencial é que havia ingerido algo que não
tinha caído bem no seu estômago e com conseqüências no intestino. Em outras palavras: estava
dominado pelos gases.
Ela, provavelmente
estava viajando. Ou estava chegando de alguma cidade distante, ou partindo para
algum lugar semelhante.
Ambos precisavam de
dinheiro e foi ao caixa eletrônico do Terminal Rodoviário. Na fila, ele estava
na frente dela. O equipamento era uma cabine fechada e nela só cabia uma única
pessoa. Ele, calmo e tranqüilo, apesar na turbulência intestinal, observava certa
inquietação por parte dela. As pessoas, como acontece nessas ocasiões,
demoravam muito para executar as operações na cabine, que era a única da rede
24 horas. Isso fazia a fila crescer e a inquietação aumentar.
Ao chegar a sua vez,
ele entrou na cabine com a tranqüilidade de sempre. Tinha algumas operações
para fazer e por isso pouca atenção deu ao movimento lá fora.
De repente, mais que
de repente, a velhinha inquieta começou a bater no vidro da porta da cabine
tentando fazer com ele acelerasse o seu processo. Ele fez ouvido de mercador.
Ela continuou a bater e a gesticular. Isso começou a afetá-lo. Mas não se
alterou, não. Continuou a fazer suas operações normalmente. Até que estava
sendo rápido.
Ela continuou a
perturbá-lo. Então ele resolveu a “aprontar.
Em primeiro lugar
tratou de desincumbir-se da sua missão. Assim que terminou, enquanto guardava
os documentos, deixou escapar uma boa dose dos gases que estavam acumulados em
seu intestino. E saiu rapidamente.
A velhinha, de pronto
foi para a cabine. Ele de longe apenas observava os fatos. Ela perdeu a pressa
e ficou um bom tempo com a porta aberta, segurando-a com uma das mãos e com a
outra fazia sinais desencontrados, ora protegendo o nariz, ora comunicando aos
demais que deveriam esperar mais um pouco.
Ele, rindo muito,
perdeu-se na multidão. Tinha “aprontado” mais uma traquinice, batendo de frente
com a velhinha arrogante e apressada.
Paa ele a alegria da
vida... Para ela uma lição a ser aprendida...
Imagem: Google
domingo, 8 de fevereiro de 2015
RIR OU CHORAR
Ninguém vive sem
problemas. Já nascemos apanhando, pois quando saímos da barriga da mãe, a
primeira coisa que o médico faz é bater na nossa bunda para nos fazer chorar.
Choramos e todos choram juntos, de alegria. Festa, só festa.
Nos primeiros seis ou
sete anos da nossa vida, em geral (tem gente que com ela isso não é assim)
vivemos sob proteção da mãe. Hoje esse tempo está sendo reduzido drasticamente,
tendo em vista a criação de creches e escolinhas, que de alguma maneira cuidam
das crianças para as mães trabalharem. Mas é numa parte do dia. Já à tardinha as
crianças estão todas em casa, em torno de suas mães.
Somos a espécie animal
que mais tempo vive colado à sua mãe. Na natureza, todas as espécies de
animais, despacham seus filhotes o mais rápido possível. Logo os filhotes
aprendem por si só a sobreviverem. Nós temos que passar por dois processos
educativos: o processo da família, cuja participação dos pais e das pessoas
mais velhas é fundamental para preparar o filho para a vida em sociedade; e o
processo escolar que “deveria” complementar a educação familiar com as
informações necessárias para que o menino ou menina possa entrar no mercado de
trabalho e realizar-se pessoal e profissionalmente.
Em cada fase da nossa
vida enfrentamos problemas diferentes ou próprios da idade, maiores ou menores,
de acordo com a maneira que os encaramos.
Uns choram, lamentam,
transformam seus problemas em “cavalos de batalha”, tentando atrair para si a atenção.
Tais pessoas acabam se tornando chatas, ridículas, e, não raras vezes, apenas
são dignas de pena... E têm mais dificuldades para solucionar os problemas
Outras pessoas têm
astral elevado e fazem pilherias de seus problemas, sem, é claro, deixá-los de
enfrentá-los. Com certeza essas pessoas têm mais facilidade de superar suas
dificuldades, pois, simpáticas, encontram mais portas abertas em suas
caminhadas.
As pessoas que remoem
seus problemas são lamentosas, chorosas, introspectivas. Encontram menos portas
abertas, pois são negativas e “repelentes”.
Dos problemas jamais
nos livraremos... Resta repensar a maneira de lidarmos com eles. Eles terão de
ser resolvidos, com a consciência clara de que a solução de um gera outros... E
assim por diante.
Rir ou chorar... O
riso, a pilheria, o zombar-se de si mesmo, reforçando a autoestima é o melhor
caminho. Chorar não é proibido... Que o
choro aconteça nos momentos solidão e tristeza, que são necessários. Porém, quando em público é bom demonstrar uma
disposição alegre para enfrentar a vida.
E como diz Cora Coralina "...o importante é o dcidir".
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sábado, 7 de fevereiro de 2015
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
CIÊNCIA E FÉ
Nós não damos conta,
mas convivemos cotidianamente, diariamente, com o confronto entre a ciência e a
fé.
As rádios que
transmitem em AM são quase todas dedicam suas programações a temas religiosos,
pois, pertencem à instituições afins. Muitas “FMs” também. E os temas dessas
transmissões invariavelmente são os “milagres” que podem acontecer em nossa
vida pelo poder da fé. Nesse momento a fé esbarra na ciência.
A Igreja católica,
como instituição milenar, toma cuidados maiores para aceitar um milagre e para
isso recorre à ciência. Se esta não explica o acontecido, principalmente as
curas, oferecendo as situações limítrofes, a Igreja Católica toma para si a
responsabilidade de considerar aquela cura como um milagre. Esse processo dura
anos, até séculos. Não é assim tão instantâneo.
Durante séculos os
teólogos faziam a Igreja a pregar que a terra era o centro do universo, tendo
como base os ensinamentos de Ptolomeu (90-168)m e porque, também, e tal não
poderia ser diferente, Deus escolheu esse planeta para fazer nascer nele seu
filho, feito homem. Esse conflito custou o julgamento inquisitorial de Galileu
Galilei, que com seus cálculos cosmológicos afirmava o contrário: a terra era
apenas um corpo celeste que girava em torno de uma estrela, o sol. Só não foi
condenado, pois, renegou suas afirmações, reafirmando-as depois. Hoje, Galileu
está oficialmente livre das suas acusações.
A encrenca entre
ciência e fé, hoje se mantém, ainda que mais amena. A ciência cuida dos fatos,
dos eventos testáveis em laboratório ou por cálculos matemáticos. Cuida,
também, dos fenômenos físicos naturais e biológicos, estes relacionados à vida.
A ciência investe seus conhecimentos para desvendar os mistérios da mente
humana e das profundezas do universo infinito. Mas várias vezes, por várias vozes,
têm afirmado os seus limites. Após tais limites, os conhecimentos são
transferidos para a fé.
A fé vem de uma
religião e busca a essência das coisas. Está acima da ciência, mas não pode
desprezá-la. Uma descoberta que prove uma verdade definitiva precisa ser aceita
pela fé, mesmo que contrarie a religião que pertence.
A fé é tão essencial
quanto a religião é essencial. Ela humaniza o ser humano, tornando-o, mas
afável, mais acolhedor, mais amigo, mais, altruísta. A ciência pura e simples
pode tornar o ser humano mais árido, mais arrogante, mais senhor de si, mais
egoísta, menos acolhedor, menos amigo, menos altruísta, menos humano.
Fé e ciência caminham
juntas, estão presentes em nossa vida. Se não damos conta disso, seria bom
perceber que seus conhecimentos somados (e com a nossa participação), podem
fazer um mundo melhor.
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FAMÍLIA
Escrever a respeito de
família, hoje, é um desafio extremamente grande e importante, visto que é no
mínimo polêmico. Haja polêmica nisso!
Há muitos
envolvimentos nisso: sociológicos, antropológicos, filosóficos e principalmente
religiosos. Cada área tem seus especialistas, seus “donos” da verdade, com
opiniões incisivas, conclusivas e definitivas sobre a família. Livros e livros
foram escritos... A situação é tão séria que o próprio Papa Francisco
determinou que em 2015 será, ao longo do
ano, será realizado um Sínodo (reunião de bispos), para estudo da Família, envolvendo os citados
especialistas. No final do ano será lançado um livro contendo a posição da
Igreja Romana a respeito do assunto.
Nada queremos além
refletir algumas idéias e verificar algumas realidades sobre a família. Com
certeza continua sendo a base da sociedade, especialmente a sociedade
ocidental, que é de fundo Greco-romano e cristão. Mas é uma instituição em
crise, pois se mantém em bases arcaicas num mundo ultramoderno.
Sua organização
permanece patriarcal. Às vezes matriarcal... Porém, a partir da evolução dos
direitos das mulheres de buscarem a igualdade com os homens, os reflexos foram
imediatos. E as sociedades, respondendo a esses mais, mais que legítimos, foram
alterando as leis e consagrando às famílias os mesmos direitos e deveres para
ambos os pilares da família tradicional: o homem e a mulher.
Os filhos
diminuíram... As mulheres cresceram culturalmente... passaram a desempenhar
papeis sociais semelhantes aos dos homens, apesar de ainda manterem as mesma
atividades domésticas.
Novas realidades
surgiram: as uniões homo afetivas e o reconhecimento delas pela via legal. Tais
uniões não geram filhos e nem se pensam
no futuro distante, quando na família tradicional tem os filhos para
protegerem seus pais e avós. O Capitalismo consumista prega viver o presente,
sem estar presos no passado nem ansiedade em relação ao futuro. Isso tem o
reverso da medalha. Jovens se atiram muito cedo à vida de adulto, banalizando o
sexo e gerando filhos que são colocados nos colos dos pais.
Os filhos libertam-se
muito cedo. Com as facilidades educacionais universitárias vão para longe,
exigem das famílias muito recurso financeiro. Quando terminam os estudos,
simplesmente não voltam, não se casam, constroem uniões estáveis temporárias,
reconhecidas por lei, desfigurando aquele modelo de família tradicional
existente na sociedade.
As mulheres
conseguiram grandes conquistas, assume, importantes cargos executivos,
surpreendem os homens no desempenho profissional. Estas estão seguras e no
caminho certo. Mas estão concentradas nos grandes centros. Nas periferias elas
também lutam, mas o machismo é um empecilho a mais. Os programas policias
sensacionalistas estão plenos de exemplos de situações ainda humilhantes de
mulheres sendo massacradas pelo simples desejo de assumir suas próprias vidas e
consequências. Para deleite da classe média, que navega a braçadas no mar da
tranquilidade.
A família ainda é o
berço da educação dos filhos. A escola o complemento, não o contrário. Nos
centros urbanos é possível encontrar isso, mas na periferia não. Na periferia a
escola é mera extensão da família e jamais atingirá seus objetivos. Resultado:
na periferia os filhos jamais serão educados na mesma intensidade e jamais
atingirão o mesmo nível educacional. Os programas sociais são apenas
paliativos, bandeiras políticas e a maneira que o Capitalismo Consumista
encontrou para consolidar sua situação de domínio pleno da sociedade. Uns
manda, outros obedecem. Afinal, a sociedade precisa de frentistas, borracheiros, raladores de queiro, de
diaristas, trabalhadores em feiras, e assim por diante (Pelo amor de Deus: nada
contra a esses trabalhadores, dignos e merecedores de todo o respeito e consideração).
Mas assim é o sistema.
Cuidar da família hoje
é cuidar das relações entre pessoas num mundo conturbado e marcado pela
tecnologia, informação e banalização.
Diálogo é fundamento. A aceitação de novos valores também. Romper com os
preconceitos mais ainda.
Agora, como convencer
homens machistas, violentos? Homens e mulheres machistas presos a
valores arcaicos? Chamar a sociedade para se organizar
e eleger políticos sérios, honestos e comprometidos com essas causas dos
valores familiares, amor, educação, respeito humano, unidade? Ah! Isso não vai dar certo.
Resta o consolo de cada
um fazer sua parte e dormir tranqüilo em plena balbúrdia....
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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
EL TORERO: AS TRES FACES DE UMA TRAGÉDIA
(Este é um texto de ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Por sermos contra as "Corridas de Touros", não incluimos ilustração a respeito)
A cidade parou, o
melhor toureiro da região estará no inicio da tarde na Plaza de toro, a maior
do país. A cidade inteira, gente de cidades próximas e de cidades distantes, O comércio
fechará as portas e haverá reforço em todas as modalidades do transporte
coletivo.
Ele, o toureiro, não
era apenas um bom no ofício de enfrentar e matar os animais bravios, rústicos,
violentos. Era carismático, bonito, rico e presentes nas altas rodas, mídia, e
capas de revista. Será o maior espetáculo da tauromaquia da região. Inesquecível.
Aliás, o show já começou, pois desde o inicio da manhã rolava no Plaza,
eventos, pequenas corridas para animar o público até a chegada da principal
atração. Alguns animais já teriam sido mortos.
De repente o frisson
não era mais no centro da arena, mas fora. Ele estava chegando... E chegou.
Empertigado com um Deus grego, caminhou em direção dos camarins... Precisava
descansar um pouco, concentrar-se para o grande espetáculo. Antes, porém, deu
uma expiada no público presente. Um largo sorriso iluminou o seu rosto, acenou
a cabeça fazendo e levantou o polegar direito, mostrando que tudo aquilo era
positivo... Recolheu-se para os minutos de silêncio, que demorou um pouco mais
que o normal.
Talvez pensasse na
responsabilidade de agradar aquele grande público, com uma exibição
especialíssima... Talvez tivesse pressentido
que algo pior pudesse acontecer... Tudo... Talvez...
De outro lado o touro:
quatro anos e meio, bem criado, bem preparado para o combate. sangue ruim.
Antes mesmo de ser solto na arena já bufava exalando raiva e vontade de ir à
luta.
O público
delirava, “ola” acontecia, o estádio
tremia... Parecia que uma multidão inteira projetava no “torero”, toda sua
animalidade, todo seu primitivismo enraizado, mas abafado pelas convenções
sociais. Por outro lado, o próprio oficio do “torero”, ao desafiar, enfrentar e
matar o touro, animal bravio, encarna a masculinidade, a força masculina, vitalidade,
a fonte que gera outras vidas. Vencer o touro é mais que necessário para a
reafirmação do ser humano como senhor da natureza.
Oooooooolé!
Ooooooooolé! Oooooooooolé! É a festa do público. Ao soar das trombetas, o
silêncio! O touro está na arena... Agitado, bufando, dando coices duplos e
arranhando o chão com as patas dianteiras. Entrando os auxiliares para
irritá-lo ainda mais, perfurando seu couro hastes pontiagudas e bandeirolas
coloridas. O sangue começa e escorrer pelo corpo do touro. Ele se agita ainda
mais. O público está próximo ao delírio.
Depois de alguns
minutos de palhaçadas e cutucadas do touro, do outro lado da arena surge o
grande “torero”... Nas arquibancadas reinava uma grande alegria, festa total. E
ele começa a exibição, sempre observado de perto pelos auxiliares...
A provocação. O
“torero” sabe o que faz e chama o touro. O touro é diblado. O público delira. O
touro recebe mais algumas picadas. Mais e mais provações e avanços e o
“torero”, senhor de si e da situação, vai levando o animal ao cansaço. A
postura elegante do “torero” é um espetáculo a parte.
Novos ferimentos no
touro. Ele sangra, bufa e luta e o torero se esquiva. E o espetáculo continua.
Tércio da morte. O
torero muda de capa. Com ela a espada fatal. O touro está exausto, babando (de
raiva?), seu corpo já está tomado por seu próprio sangue. Impassível o torero
que fazer o melhor: esperar o animal manter juntas as patas dianteiras e baixar
a cabeça, expondo seu dorso. O torero vai se aproximar um pouco e lançar sobre
ele e enfiar-lhe a espada no dorso cortando a sua jugular. A morte será
instantânea e a gloria total.
Um segundo de
distração. Antes de atacar o animal, o torero vira-se para o público, agora em
silêncio sepulcral. Nesse lapso de tempo quem avançou o touro atingindo seu
inimigo na virilha e fazendo-o voar. Na queda, antes dos auxiliares chegar,
nova chifrada no peito. O “torero” está morto. Ato contínuo o touro também é
morto pelos auxiliares do espetáculo. Sua carne será repartida entre os
açougueiros da cidade.
Na arena sangue humano
e bovino se misturam... Nas arquibancadas estupefação, lágrimas, e risos
inapropriados. Decepção.
A vida contada em
tragédias... Esta, uma tragédia com três faces: a humana, com a morte do
“torero”, que acima de tudo encarnava a arrogância; a natural, a morte do toro,
que sem saber o porquê foi torturado até o fim; a manutenção da barbárie, que
ainda faz muita gente feliz.
Imagem: Google
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