Há uma diferença
crucial entre o viver e o existir; se estamos vivos, existimos, se estamos
mortos, também existimos.
“...Tá lá um corpo estendido no chão...” Diz a letra “De frente pro
crime” de João Bosco. Sim, lá existe um corpo. Como existe uma árvore caída,
interrompendo o trânsito. Ou, naquela represa, neste momento, devido à estiagem
brava, existem muitos peixes mortos.
O que existe
simplesmente “é”. Um ser animado, com vida; ou inanimado, sem vida.
Existimos por um
milagre, ainda não totalmente explicado (por isso, o milagre). Num ato de amor,
assim o presumimos, dois seres vivos, se unem para formar um novo ser vivo.
Eles morrem para se transformarem num novo ser, o feto, que passa a “existir”,
com vida, no útero materno.
Quando nascemos, ainda
somos um ser “existente”, pois, recém-nascidos, ainda não fizemos as nossas
opções. Trazemos uma carga em potencial de realização, que vai se
materializando, dependendo de uma série de circunstancias, ao longo do nosso
crescimento, em idade, em tamanho e em mentalidade. Enquanto crianças, por
muito tempo existimos em função de nossos pais, que ditarão o “nosso” querer,
quase sempre imbuídos de ótimas intenções.
Mas, eis que chega o
tempo no nosso querer verdadeiro. Não há um tempo certo... Um tempo calendário,
quantitativo, físico. É um tempo qualitativo.
Quando chega esse tempo, aí, sim vamos exercer as nossas opções de vida.
Nesse momento acontece
a diferença entre o viver e o existir. É o tempo do amadurecimento, portanto,
tempo de colheita. O fruto maduro tem poucas opções: é colhido para a
satisfação humana ou animal, ou cai para
renovar-se e se transformar em nova árvore. É sua função natural.
Nós temos um leque
infindável de opções. Difícil enumerá-las. Encontrá-las depende de outras
infindáveis variáveis colocadas à nossa disposição.
Em síntese: escolhe-se
existir, permanecendo na inércia da infantilidade, sempre na dependência de
alguém, como o filho depende de sua mãe; ou a força da maturidade para escolher
caminhos, construir sua própria história. Caminhar com os próprios pés rumo à
realização pessoal, profissional, social, política e etc... etc... etc...
Existir é “ser”
qualquer coisa. Claro que podem acontecer acidentes de percurso. Uma doença
incapacitante, uma paralisia... Algo que está fora do nosso controle.
Viver é fazer
“acontecer”, é marcar a nossa passagem pela vida, em consonância com o amor que
nos gerou. É ser feliz e fazer a felicidade de outras pessoas. É fazer com que as pessoas sintam muito mais
a nossa ausência do que a nossa presença.
Portanto, existir é um
fato consumado. Viver é uma opção de “vida”
Imagem: Google
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