Escrever a respeito de
família, hoje, é um desafio extremamente grande e importante, visto que é no
mínimo polêmico. Haja polêmica nisso!
Há muitos
envolvimentos nisso: sociológicos, antropológicos, filosóficos e principalmente
religiosos. Cada área tem seus especialistas, seus “donos” da verdade, com
opiniões incisivas, conclusivas e definitivas sobre a família. Livros e livros
foram escritos... A situação é tão séria que o próprio Papa Francisco
determinou que em 2015 será, ao longo do
ano, será realizado um Sínodo (reunião de bispos), para estudo da Família, envolvendo os citados
especialistas. No final do ano será lançado um livro contendo a posição da
Igreja Romana a respeito do assunto.
Nada queremos além
refletir algumas idéias e verificar algumas realidades sobre a família. Com
certeza continua sendo a base da sociedade, especialmente a sociedade
ocidental, que é de fundo Greco-romano e cristão. Mas é uma instituição em
crise, pois se mantém em bases arcaicas num mundo ultramoderno.
Sua organização
permanece patriarcal. Às vezes matriarcal... Porém, a partir da evolução dos
direitos das mulheres de buscarem a igualdade com os homens, os reflexos foram
imediatos. E as sociedades, respondendo a esses mais, mais que legítimos, foram
alterando as leis e consagrando às famílias os mesmos direitos e deveres para
ambos os pilares da família tradicional: o homem e a mulher.
Os filhos
diminuíram... As mulheres cresceram culturalmente... passaram a desempenhar
papeis sociais semelhantes aos dos homens, apesar de ainda manterem as mesma
atividades domésticas.
Novas realidades
surgiram: as uniões homo afetivas e o reconhecimento delas pela via legal. Tais
uniões não geram filhos e nem se pensam
no futuro distante, quando na família tradicional tem os filhos para
protegerem seus pais e avós. O Capitalismo consumista prega viver o presente,
sem estar presos no passado nem ansiedade em relação ao futuro. Isso tem o
reverso da medalha. Jovens se atiram muito cedo à vida de adulto, banalizando o
sexo e gerando filhos que são colocados nos colos dos pais.
Os filhos libertam-se
muito cedo. Com as facilidades educacionais universitárias vão para longe,
exigem das famílias muito recurso financeiro. Quando terminam os estudos,
simplesmente não voltam, não se casam, constroem uniões estáveis temporárias,
reconhecidas por lei, desfigurando aquele modelo de família tradicional
existente na sociedade.
As mulheres
conseguiram grandes conquistas, assume, importantes cargos executivos,
surpreendem os homens no desempenho profissional. Estas estão seguras e no
caminho certo. Mas estão concentradas nos grandes centros. Nas periferias elas
também lutam, mas o machismo é um empecilho a mais. Os programas policias
sensacionalistas estão plenos de exemplos de situações ainda humilhantes de
mulheres sendo massacradas pelo simples desejo de assumir suas próprias vidas e
consequências. Para deleite da classe média, que navega a braçadas no mar da
tranquilidade.
A família ainda é o
berço da educação dos filhos. A escola o complemento, não o contrário. Nos
centros urbanos é possível encontrar isso, mas na periferia não. Na periferia a
escola é mera extensão da família e jamais atingirá seus objetivos. Resultado:
na periferia os filhos jamais serão educados na mesma intensidade e jamais
atingirão o mesmo nível educacional. Os programas sociais são apenas
paliativos, bandeiras políticas e a maneira que o Capitalismo Consumista
encontrou para consolidar sua situação de domínio pleno da sociedade. Uns
manda, outros obedecem. Afinal, a sociedade precisa de frentistas, borracheiros, raladores de queiro, de
diaristas, trabalhadores em feiras, e assim por diante (Pelo amor de Deus: nada
contra a esses trabalhadores, dignos e merecedores de todo o respeito e consideração).
Mas assim é o sistema.
Cuidar da família hoje
é cuidar das relações entre pessoas num mundo conturbado e marcado pela
tecnologia, informação e banalização.
Diálogo é fundamento. A aceitação de novos valores também. Romper com os
preconceitos mais ainda.
Agora, como convencer
homens machistas, violentos? Homens e mulheres machistas presos a
valores arcaicos? Chamar a sociedade para se organizar
e eleger políticos sérios, honestos e comprometidos com essas causas dos
valores familiares, amor, educação, respeito humano, unidade? Ah! Isso não vai dar certo.
Resta o consolo de cada
um fazer sua parte e dormir tranqüilo em plena balbúrdia....
Imagem: Google
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