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"O amor é isso: Não prende, não aperta, não sufoca. Porque quando vira nó, já deixou de ser laço". Mário Quintana
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
VARIAÇÕES SOBRE A CARIDADE
Comecemos
com o texto clássico de Paulo de Tarso. Sua Primeira Carta aos habitantes de
Corinto (Capítulo 13, versículos de 1 a 13) Bíblia Editora Ave Maria.:
1 – ainda que eu falasse as línguas dos
homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o
címbalo que retine.
2 – Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e
conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, mesmo que tivesse toda a fé, a
ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.
3 – Ainda que distribuísse todos os meus bens
em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
se não tiver caridade, de nada valeria!
4 – A caridade e paciente, a caridade é
bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante.
5 – Nem escandalosa. Não busca os seus
próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor.
6 – Não se alegra com a injustiça, mas se
rejubila com a verdade.
7 – tudo desculpa, tudo crê, ,tudo espera,
,tudo suporta.
8 – A caridade jamais acabará. As profecias
desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará.
9 - A nossa ciência é parcial, a nossa
profecia [e imperfeita.
10 – Quando chegar o que é perfeito, o
imperfeito desaparecerá.
11 – Quando eu era criança, falava como
criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tor ei
homem, eliminei as coisas de criança.
12 – Hoje vemos como por um espelho,
confusamente, mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte, mas então
conhecerei tot5almente, como eu sou conhecido.
13 – Por ora subsistem a fé, a esperança e a
caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade.
Falamos
em caridade. Paulo fala em amor. Acontece que caridade e amor, quando eles
levado às últimas consequências é caridade. Portanto, caridade é mais que amor,
é ágape, é oferecimento total e completo do ser para a causa do outro, sem
perder a individualidade, sem perder a sua essência. É mesmo a materialização
de um milagre.
É um
texto cristão muito usado pelos católicos para a definição do amor no seu
aspecto mais profundo, o amor ágape, sinônimo de caridade.. E tem sido usado
para outras atividades, como por exemplo, para a definição de liderança,
conforme fez Thomas C. Hunter em sua trilogia “O Monge e o Executivo” e Pe.
João Carlos Almeida, em seu livro, também sobre liderança, “As sete virtudes do
líder amoroso”.
Esses
treze versículos do Apóstolo Paulo, muito bem que serviria de sugestão de uma
base de ordenamento jurídico de uma sociedade ideal. Alias, é o que em síntese,
o autor propõe. Uma sociedade estruturada nos moldes da caridade seria
realmente uma maravilha, ressalvando o fato de que as suas proposituras não
engessam as pessoas e a sociedade onde elas estariam inseridas. A caridade
liberta... Mas, sobretudo, a caridade conduz o ser humano para o bem.
A caridade
não é filantropia. Esta, que literalmente significa ser amizade pelo outro (ser
amigo do próximo) é dar simplesmente para aliviar os possíveis sofrimentos do
outro. Muitos fazem filantropia quando ajudam para se livrarem de um incômodo
momentâneo. Ou contribuem com uma instituição filantrópica (atitude altamente
louvável). Tais instituições fazem um ótimo trabalho, suprindo as ineficiências
do setor público. Acontece que a
filantropia não vai além do situacional. A caridade, sim, busca as reais causas
da pobreza e das necessidades. A caridade não se conforma com o
assistencialismo puro e simples É a velha história: É melhor dar o peixe e,
também, ensinar a pescar. Isso se chama promoção humana.
Das virtudes
humanas a maior de todas é a caridade...
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quarta-feira, 28 de setembro de 2016
A LEI DA GRAVIDADE E O FATOR HUMANO
Uma das
leis mais poderosas e desafiadoras da natureza é a lei da gravidade. Foi
descrita por Isaac Newton na segunda metade do século XII. Ela define, segundo
o próprio Newton, que “... Dois corpos
atraem-se com força proporcional às suas massas e inversamente proporcional ao
quadrado da distância que separa seus centros de gravidade”.
“A gravidade é uma das quatro forças
fundamentais da natureza em que seus objetos com massa exercem atração uns
sobre os outros”. Simplificando, a lei da gravidade diz que um corpo maior
atrai um corpo menor. Por isso estamos
sempre presos à terra que o corpo maior que nos atrai e nos prende.
Ela é importantíssima
para o equilíbrio do planeta, do sistema solar, da galáxia e do universo com um
todo. Só pode mesmo ser concebida por mãos superiores, mãos divinas. Sem ela
tudo seria uma grande balbúrdia, caos total, e tudo já teria terminado e talvez
a humanidade nem tivesse existido.
Vencer
essa lei é um grande desafio. Especialmente quando se deseja ati gir o espaço
sideral. Quem acompanhou as viagens à lua pôde perceber o quanto e[de força e
energia foi despendido para liberar o homem das amarras da gravidade que o
prendiam à terra. Hoje parece corriqueiro, mas o esforço continua o mesmo.
Enviar um artefato qualquer ao espaço é muito trabalhoso. Uma vez no espaço a
gravidade de outros corpos celeste passa a ser uma grande aliada pela atração
que exerce nos corpo vagantes ou viajantes. É muito bonito acompanhar essa
avent4ura.
Mas não
é o caso agora. Semelhantes à gravidade há outras leis que praticamente achatam
o ser humano na superfície da terra, não permitindo a ele um olhar mais
distante, em busca de um horizonte maior, mais deslumbrante para sua vida.
Tratam-se dos valores, das premissas, das heranças culturais e emocionais que
estão arraigadas em sua mente, em seu subconsciente. Vencer essas forças
demanda um enorme gasato de energia, tão semelhante em proporção ao lançamento
de um foguete ao espaço.
No
primeiro caso são necessários cálculos estruturais, vetoriais, aerodinâmicos...
O segundo caso, os estudos psicológicos, psiquiátricos, emocionais e,
sobretudo, a vontade ferrenha e indômita de mudar, incorporada pelo indivíduo,
são absolutamente essenciais. E, da mesma forma, qualquer falha, por mínima que
seja pode comprometer uma vida inteira de felicidade plena.
Ninguém
deve viver na zona de conforto, curtindo a “Síndrome de Gabriela” (Eu nasci
assim... Eu cresci assim...). A mudança é necessária. Ou melhor, a
adequação às exigências do tempo, da idade, da modernidade, dos novos valores.
O trem da História ganha velocidade cada vez maior em tempos de comunicação
instantânea.
Romper
a Lei da Gravidade possibilita ao homem conhecer novos mundos. Como agora a
humanidade está conhecendo melhor o último planeta do sistema solar, o triste e
rebaixado Plutão, mas que revela aos olhos humanos suas maravilhas e os
segredos que podem explicar a origem do universo.
Vencer
as forças que nos prendem ao passado, da mesma forma, descortina aos nossos
olhos as maravilhas da criação: o próprio homem, a maior delas.
Se o
criador foi generoso demais em organizar o universo de forma tão maravilhosa,
mais generoso e amoroso Ele foi ao dotar o ser humano de potencialidades ainda
mais maravilhosas, como as de poder explorar o macro universo exterior e o micro
universo interior, onde estão a mente, as emoções, os sentimentos e seus
desafios... Lá se localizam a inteligência e as degenerações (os Males de
Parkinson, Alzheimer, a Demência Senil) que
tantos sofrimentos causam às pessoas e as famílias.
Mas, colocou
também o amor, o grande sentimento que impele o ser humano a romper as leis do
impossível.
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terça-feira, 27 de setembro de 2016
A SOBERBA
Há
alguns aspectos positivos na soberba.
Um
cavaleiro que e apresenta elegantemente, formando um belo conjunto com seu
cavalo, havendo harmonia entre os seus gestos e o seu cavalo, dir-se-á que a
apresentação foi soberba...
Um
soldado que desfila garbosamente, com estilo, peito para a frente e cabeça
perfeitamente alinhada com seu corpo, também receberá elogios, dando conta que
o seu desfile foi soberbo.
Um time
de futebol que faz uma partida irrepreensível, com as peças nos seus devidos
lugares, com jogadas ensaiadas, preparo físico em alta, domínio do jogo do
começo ao fim e com muitos gols marcados, não deixando dúvidas a respeito da
sua qualidade como equipe, ouvirá dos comentaristas a expressão: “uma exibição soberba”.
E as
graças param por aí. O que vem em seguida é muito negativo.
Pois,
na verdade a soberba é um dos sete pecados capitais (os outros são: a gula, a
avareza, a luxúria, a ira, a inveja e a preguiça), que atingem não apenas os
cristãos, mas toda a sociedade. A soberba é um veneno social.
A
postura da soberba faz de uma pessoa superiora às demais. É uma cultura ao ego,
tornando a pessoa egocêntrica, centralizadora, autoritária, arrogante,
inaceitável no convívio social.
Da soberba
derivam outras posturas execráveis, como o orgulho, a vaidade, a prepotência, a
presunção, a autossuficiência, a vanglória, o amor próprio, o exibicionismo.
Não é fácil conviver com pessoas assim.
A
soberba é a gênese de sentimentos maiores. Individualmente, além dos aspectos
negativos citados acima, torna a pessoa racista, preconceituosa, xenófoba. Tais
posturas podem irradiar-se a outras pessoas, ao grupo, à sociedade, tornando-a
coletivamente racista, preconceituosa e xenófoba. Por isso, existem muitas
sociedades que nutrem esses sentimentos e passam a dominar e perseguir
populações inteiras que se mostram vulneráveis econômica, social e
politicamente. A História Humanidade tem registrado situações como os
Fundamentalismos, o Apartheid, as explorações coloniais, os massacres e a
dizimação de populações inteiras, os genocídios. Tudo, tudo, fruto, em última
análise, da soberba.
O
antídoto à soberba é a humildade. Esta não inibe as pessoas de ter coisas, bens
materiais, poder e riqueza. Porém, a humildade faz com que as pessoas coloquem
esses bens em segundo plano. A humildade, também, não faz da pessoa uma
ambiciosa a ponto de desejar o mal dos ricos. A humildade, sim, a coloca no seu
devido lugar, com a consciência do caminho a percorrer para atingir os seus
objetivos.
A
humildade, ao contrário da soberba, promove a abertura de coração para o
diálogo, para a concórdia, para o respeito, para a harmonia social. Enquanto a soberba está nas raízes das guerras,
a humildade é a ponte para a paz.
É bem
melhor a humildade...
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segunda-feira, 26 de setembro de 2016
VICENTE DE PAULO, O SANTO TODO CARIDADE
Neste
27 de Setembro, a Igreja Católica, a França e a humanidade inteira celebra o
falecimento de São Vicente de Paulo, ocorrido em 1660. Sim, porque para que
quem é santo a morte é uma celebração, celebração do seu nascimento para o céu,
para a eternidade.
Vicente
de Paulo teve vida longa para os padrões da época: nasceu em 14 de Abril de
1581, na aldeia de Pouy, sul França e faleceu em Paris, em 27 de Setembro de
1660. Sua vida, de inicio, simples no campo, ganhou um ímpeto extraordinário a
partir de sua ordenação sacerdotal em 1660, aos 19 anos de idade. Abraçou
radicalmente sua vocação e principalmente a causa dos pobres.
Sua
vida foi um suceder de emoções fortes, pois não bastando os clamores da pobreza
que tanto o inquietavam, foi escravo, vendido de mão em mão; capelão das
galeras, aonde chegou a ser remador sob chicotadas; e enviado à locais
inóspitos para assistir, orientar e promover os trabalhadores famintos. Mas
nunca questionou Deus por isso. Alias, foi um fiel cumpridor dos desígnios de
Deus e confiante pleno na Providência Divina.
Ativo,
vivaz, atento às necessidades humanas, humilde servidor da Igreja Católica, sua
vida foi intensa, plena de realizações e contatos, não só com a massa de
necessitados da turbulenta França do Século XVII ( devastada pela Guerra dos
Trinta Anos), mas também com Reis, Rainhas, Autoridades, Bispos e Papas. A
todos servindo com mesmo amor e respeito. Dizia: “Não sou daqui nem dali, mas de qualquer lugar onde Deus que eu esteja”.
Vicente
de Paulo, antes de tudo foi um homem de fé, de oração, mas sobretudo de ação
prática. Tendo em mente o alivio do sofrimento dos pobres, sempre pensando
neles, criou instituições que o auxiliassem de forma organizada nessa tarefa
gigantesca: Em Agosto de 1617 fundou organização das “Damas de Caridade” para
congregar as senhoras da sociedade parisiense, hoje se chama AIC – Associação
Internacional de Caridade. Ainda em 1617 criou as confrarias da Caridade, uma
espécie de encontro semanal para aprimorar o conhecimento religioso das
pessoas, homens e mulheres. Em abril de 1625 fundou a Congregação da Missão
para formar padres missionários da caridade. E, em Novembro de 1633, a
Congregação das filhas da Caridade, cujas “irmãs” teriam como “clausura as ruas e as casas dos pobres”.
E não
parou por aí. O seu carisma, isto é o seu amor pelos pobres, continuou
inspirando pessoas de bem pelos Séculos seguintes. Tanto que, hoje, no mundo
são 165 instituições criadas sob sua inspiração e seu carisma, voltadas para assistência aos menos
favorecidos e excluídos da sociedade, que formam a conhecida “Família
Vicentina”, entre elas a SSVP – Sociedade de São Vicente e Paulo. Dessas 165
instituições pelo menos 23 atuam no Brasil.
Vicente
de Paulo não é só um personagem religioso. É um dos grandes ícones da História
da Humanidade. Sua vida e sua obra é um divisor de águas. Se hoje a humanidade
respira Direitos Humanos precisa conhecer as contribuições desse homem que
tanto fez pelos marginalizados, excluídos em empobrecidos.
Por fim
as palavras de São João Paulo II:
“Voltemos nossa mente e nosso coração para
/são Vicente de Paulo, homem de ação e oração, de organização e de imaginação,
de comando e de humildade, homem de ontem e de hoje. Que aquele camponês das
Landes, convertido pela graça de /deus em gênio da caridade, nos ajude a todos
a por mais juma vez as mãos no arado – sem olhar para trás – para o único
trabalho que importa, o anúncio da Boa nova aos pobres...”
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domingo, 25 de setembro de 2016
A GRANDE VIAGEM
“Não devemos parar de explorar. E o fim de
toda nossa exploração será chegar ao
ponto de partida e ver o lugar pela primeira vez”.
T. S.
Eliot
Durante
a nossa vida temos ou teremos oportunidade de realizarmos muitas viagens.
Podemos viajar para fazer turismo. Podemos viajar para realização de negócios.
Podemos viajar para matar saudades de parentes ou para a comemoração de
aniversários ou, ainda, para sepultamentos de entes queridos. Podemos viajar
para a exploração da natureza, conhecer lugares e fenômenos naturais. Podemos
fazer trilhas e peregrinações, como percorrer
o “Caminho de Santiago de Compostela”. Podemos fazer romarias de ônibus, de
carreatas, a pé, a cavalo...
Podemos
fazer viagens especiais em busca de conhecimento, fazer uma especialização, uma
pós-graduação ou um pós-doutorado.
Todas
as viagens devem acrescentar algo em nossa vida. Por isso devemos terminá-las
melhores em relação a quando as começamos. Temos que evoluir sempre.
Mas, a
grande viagem podemos fazer sem sair de casa, ou percorrendo lugares bem
próximos de nós. Parece paradoxal, mas é isso mesmo. É a busca do conhecimento
através do estudo, da leitura, da observação, da quebra de paradigmas,
culminando com o autoconhecimento, isto é, acrescentando a tudo isso estudos
sobre mudança de premissas, mudanças do modo de ver o mundo e as pessoas.
Pois é
absolutamente correto que grande parte dos problemas que atribuímos às pessoas
não está nas pessoas, mas em nós mesmos. É preciso compreender isso... E e a
partir dos conhecimentos adquiridos explorarmos o nosso íntimo para
encontrarmos os caminhos para a mudança de paradigmas necessária para
enxergarmos o mundo a partir do mundo das pessoas, a partir do outro... É o
princípio da auteridade.
A
essência da mudança é essa: a conscientização a respeito da necessidade de mudança.
E as coisas começam a ficar mais claras, com os novos comportamentos que
assumimos, começando pela diminuição da ansiedade em impor nossas ideias, nossa
maneira de ser, nossas atitudes, nossos conhecimentos para que os outros nos
aceitem. E, então descobrimos que fazemos isso com os pais, com as esposas, com
os filhos, com os amigos, com os chefes, com os subordinados. Por isso nossa
vida é inadequada, com fracassos contínuos... Nossa vida se transforma num.
Portanto
a grande viagem é esta: em direção do nosso íntimo, em busca dos
condicionamentos que estão no recôndito de nossa alma. É uma grande exploração,
exploração do desconhecido. As informações obtidas, os tesouros recolhidos
transformar-se-ão nas pontes para o autoconhecimento. Junto dele estarão as
transformações as mudanças que nos tornarão mais felizes, mais aceitos, mais
integrados, mais amigos, mais felizes.
Estaremos,
sim, no “ponto de partida...”, que será outros, pois será contemplado com
outros (e novos) olhos.
Será o
retorno de uma grande viagem, a maior, mais frutífera e mais importante de
nossa vida.
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sábado, 24 de setembro de 2016
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
"PRIMAVERAS", POEMA DE CASIMIRO DE ABREU (1º DE JULHO, 1858)
PRIMAVERAS
Casemiro
de Abreu
(1839-18600)
A primavera é estação dos risos.
Deus
fita o mundo com celeste afago,
Treme as
folhas e palpita o lago
Da brisa
louca aos amorosos frisos.
Na
primavera tudo é viço e gala,
Trinam
as aves a canção de amores,
E doce
e bela no tapiz das flores
Melhor
perfume a violeta exala.
Na
primavera tudo é riso e festa,
Brotam
aromas do vergel florido,
E o
ramo verde de manhã colhido
Enfeita
a fronte da aldeã modesta.
A natureza
se desperta rindo,
Um hino
imenso à criação modula
Canta a
calhandra, a juriti arrula.
O mar é
calmo porque o céu é lindo.
Alegre
e verde se balança o galho
Suspira
a fonte na linguagem meiga,
Murmura
a brisa: - Como é linda a Veiga!
Responde
a rosa: - Como é doce o orvalho!
Mas
como às vezes sobre o céu sereno
Corre
uma nuvem que a tormenta guia,
Também
a tira alguma vez sombria
Solta
gemendo de amargura um treno.
São
flores murchas: - o jasmim fenece
Mas
bafejado s’erguerá de novo
Bem
como o galho do gentil renovo
Durante
a noite quando o orvalho desce
Se um
canto amargo de ironia cheio
Treme
nos lábios de cantor mancebo
Em
breve a virgem de seu casto enlevo
Dá-lhe
um sorriso e lhe intumesce o seio
Na
primavera – na manhã da vida –
Deus às
tristezas o sorriso enlaça,
E a
tempestade se dissipa e passa
A voz
mimosa da mulher querida.
Na
mocidade, na estação fogosa,
Ama-se
a vida – a mocidade é crença
Canta,
palpita, s’atasia e goza
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quinta-feira, 22 de setembro de 2016
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
INDOLÊNCIA NÃO É "ATARAXIA"
Dois
aspectos envolvem a definição de indolência: 1) a capacidade de não sentir dor
ou de superar a dor e 2) a relacionada
com a má vontade, com a preguiça, com a negligência.
O
primeiro aspecto é uma força positiva. A presença da dor, física ou emocional,
significa a presença de um mal que precisa ser tratado. A dor é um sinal, um
sintoma. Uma vez conhecida a causa (ou as causas), uma vez cuidando dela e
tendo a consciência que sua presença será passageira, saber lidar com ela, isto
é uma virtude. A quem diga que “a dor
pode ser inevitável, mas o sofrimento é opcional”. Pode-se conviver com a
dor e pode-se suportá-la naturalmente na certeza que vai passar. A mesma
consideração com a dor emocional. Por exemplo, a dor da perda de ente querido.
É muito forte. No entanto, pode se trabalhar no sentido de ao suprimi-la,
transformando-a em saudade. Pode-se sentir muita saudade e pouca o quase nada
de dor pela perda. É até um respeito pela memória daquele que deixou este mundo.
O
segundo aspecto é mais sério. A indolência passa a ser uma condição de subvida
da pessoa. Pouco ou nada faz, é preguiçoso, desanimado, negativista, apático,
não dá opinião... Vive na eterna zona de conforto. É negligente, não tem
responsabilidade por nada.
O
indolente foi ironizado por Monteiro Lobato com o personagem “Jeca Tatu”,
indolente, vítima da verminose, uma das
características do homem brasileiro do interior. Esta doença suga-lhe todas as
energias, tornando-o apático e sem vontade.
O
indolente, salvo as situações de doenças, é um pernicioso na sociedade,
principalmente nas famílias que tem de sustentá-lo.
Portanto,
indolência não rima com “ataraxia”, que é a condição descrita pelos filósofos
gregos do ultimo período, o Ceticismo, o Estoicismo e o Epicurismo, uma
condição de superação das preocupações da vida, como o sofrimento, dor e
perturbações, através de muito exercício, força de vontade e concentração.
Algumas características da ataraxia: tranquilidade de mente, paz na alma,
espírito calmo, felicidade como virtude.
A “ataraxia”
não significa indolência... Esta é alienação. A “ataraxia” não é alienante,
pois permite a pessoa continuar vivendo só que num patamar diferente. A uma
imperturbabilidade em seu ser que lhe permite resolver os problemas, superá-los,
sem sofrimento. Viver não é um mar de rosas. A vida tem suas nuances. O
indolente está sempre de mal com a vida. Quem atingiu a “ataraxia” está sempre
de bem com a vida. A diferença está aí.
Associada
à palavra indolência vem sempre a expressão “insolência”. Nada a ver uma com a
outra. Apenas rima poética. Insolência é estupidez, falta de educação,
arrogância, maldade, negligencia ao extremo. É,
portanto, uma pessoa desqualificada e desnecessária à sociedade. Nada a
ver mesmo!
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terça-feira, 20 de setembro de 2016
O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA
O tema
é vasto e a literatura a respeito também. Vamos dar uma pequena contribuição. E
de começo o significado da palavra “misericórdia”. Ela define um sentimento
natural e humano de compaixão pelo sofrimento dos outros. Aliás, compaixão é
compadecer, é sofrer junto, sofrer com. Misericórdia vem do latim miserere, que quer dizer ter compaixão.
Já a expressão cordis, que significa coração. Então, mais profundamente,
misericórdia é sentir com o coração o que o outro está sentindo... É uma
tentativa de colocar-se no lugar do outro, num gesto pleno de solidariedade.
A
palavra misericórdia é abrangente, extrapolando o conceito de perdão e de
justiça. Vai muito além. Os cristãos sabem disso, pois têm absoluta e
inquestionável certeza de que Deus é infinitamente (sem medidas humanas)
misericordioso. Perdoa mesmo!
São 14
as obras de Misericórdia, divididas em duas categorias:
Obras Corporais
– dar de comer a quem tem fome, dar de
beber a quem tem sede, vestir os nus, visitar os doentes, visitar os presos,
acolher os peregrinos e sepultar os mortos.
Obras Espirituais
– dar bom conselho, corrigir os que
erram, ensinar os ignorantes, suportar com paciência as fraquezas do próximo,
consolar os aflitos, perdoar os que nos ofendem e rezar pelos vivos e pelos
mortos.
O Papa
Francisco, desde que assumiu o seu Pontificado, colocou a Misericórdia como seu
lema, tem pautado suas ações e suas falas em cima da misericórdia e
incentivando os cristãos e todos os cidadãos do mundo a praticarem
intensamente.
O
Jubileu Extraordinário da Misericórdia
anunciado pelo Papa em Abril de 2015, com a Encicllica “Misericordiae Vultus” (O Rosto da Misericórdia) teve inicio na
Festa da Imaculada Conceição, em 08 de Dezembro de 2015, com encerramento em Novembro
com a Festa de Cristo Rei, evento final do Ano litúrgico da Igreja Católica. Este
Ano Jubilar comemora os 50 anos do encerramento do Concilio Vaticano II e 25
anos da Encíclica “Dives in Misericordiae” de João Paulo II.
O Ano
da Misericórdia é um convite para a contemplação mais profunda do rosto
Misericordioso de Deus e aplicá-lo no dia-a-dia. Pois o mundo atual, ainda que
apresente as maravilhas tecnológicas, principalmente no campo da comunicação,
está contraminado pela discórdia, pelo desentendimento, pelas guerras, pela
ambição, pela falta de perdão, pelo fundamentalismo exacerbado, pelo egoísmo,
pelo consumismo, pela exclusão dos mais vulneráveis (inclusive os migrantes e
retirantes. Aqueles que fogem das guerras e das situações de miséria).
Os
gestos de misericórdia, para serem aplicados em grande escada precisam primeiro
ser praticados no micro mundo, no contexto particular, familiar e rede
relacionamentos. Sem perdão, compreensão, desapego e solidariedade, além do
respeito às leis, não há paz social. A grande paz no mundo começa a ser
construída no micro-contexto, tendo a misericórdia como apanágio.
Importantíssimo:
tem de haver coerência entre fé (naquilo que se acredita) e vida (aquilo que se
pratica). O mundo está cheio de incoerências. Superá-las é o grande desafio que
todos nós temos de vencer, como ensinamento maior deste Ano Santo da
Misericórdia.
Mais
informações? Na sua Igreja, na internet, nos livros...
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segunda-feira, 19 de setembro de 2016
O AZEDUME E AS PESSOAS AZEDAS
Deus
nos livre! Pessoas azedas: nem elas se aguentam!
Os
dicionários definem o azedo e o azedume como um cheiro muito forte que causa
mal estar, “embrulha” o estômago e causa azia. Produtos muito ácidos, como o
limão, causam essa sensação, tornando difícil chupá-lo, mesmo havendo
indicativos de que ele faz bem à saúde.
Falando
em cheiro ruim, o azedume também identifica perfumes que não são tolerados por
certas pessoas que têm uma rejeição maior a esse tipo de cheiro. São os
perfumes de olor acre, forte, azedo.
Há uma
brincadeira (de mal gosto) que vem do tempo das bandinhas que tocavam nos
coretos das praças das cidades do interior e dos desfiles militares. Diz a
brincadeira que se você desejar desafinar um tocador de tuba é só chupar ou
simular que está chupando um limão na frente dele. Dizem que ele desafina
mesmo! Mas é legal não fazer isso.
Como o
azedume provoca nas pessoas uma expressão própria de quem está passando mal,
ele passou a identificar pessoas que apresentam “cara” feia, mesmo estando bem
de saúde. São os caras chatos, os chamados “azedões”.
Tais
pessoas são amarguradas, infelizes, fechadas, sisudas, negativas, ácidas,
críticas, inconformadas com tudo e com todos, pessimistas, ásperas, estúpidas,
grosseiras, mal humoradas, ríspidas, indelicadas e outros tantos “adjetivos”.
Dá para
compreender que pessoas assim são detestáveis, impróprias para o convívio
social, aliás, como dissemos no inicio, nem elas mesmas se aguentam. Pessoas
assim são chamadas de “estraga prazeres” e são capazes de gerar azinhavre até
em fechaduras de aço inoxidável. Imagine nos relacionamentos interpessoais. São
infelizes e o destino delas é inexoravelmente a solidão.
Será
que pessoas azedas têm chances de serem felizes. Sim, claro que têm! Há um
caminho longo a percorrer. E não é qualquer antiácido efervescente e com sabor
de frutas que vai resolver. O primeiro passo é o conhecimento, ou melhor, o
autoconhecimento. É um momento difícil, pois essas pessoas precisam se reconhecer
azedas e inadequadas ao convívio social. Pode ser até que necessitem de ajuda
externa como padres, pastores, psicólogos ou psiquiatras.
E uma
das grandes dificuldades é que as pessoas azedas, como as arrogantes,
autoritárias e soberbas “se acham” o centro do universo e, portanto, não são
elas que precisam mudar e, sim, o universo no qual está inserido. Aí começa a
ficar difícil. Porém, insistimos: o autoconhecimento é essencial, bem como a
tomada de consciência de é preciso mudar. E mudar de dentro para fora, pois, a
“cara azeda” é o reflexo da alma azeda, do espírito azedo e da mente azeda.
Mas é
bom fazer a experiência da mudança. De repente a luz no fim do túnel não é um
trem em sentido contrário. Pode ser a luz de uma nova vida!
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domingo, 18 de setembro de 2016
FALAR "...DA BOCA P'RA FORA"
É uma
expressão que enseja muitas interpretações e vários significados. A princípio é
uma expressão que indica algo enganoso, falacioso, algo que não é verdade. Fala-se
uma coisa que não corresponde ao real sentimento.
Falar “da
boa p’ra fora” é um erro. É um erro, pois gera mal entendidos, comprometendo o
possível bom relacionamento. A inverdade ou a mentira cedo ou tarde são
descobertas, complicando a vida dos seus autores, isto é, constrangendo-os.
Pode-se
mentir, falando da “boca p’ra fora” algo aparentemente positivo, uma promessa
de algo agradável para as pessoas, mas que não serão realizadas, como pode-se
mentir sobre algo negativo ou pejorativo ferindo os sentimentos ou mesmo
simulando uma ameaça de violência, causando intranquilidade nas pessoas. Em
ambos os casos, “falar da boca p’ra fora” é sempre negativo.
Falar
apenas “da boca p’ra fora” é agir sem transparência. Isso mata no ninho
qualquer relacionamento, quer corporativo, institucional, de voluntariado ou de
amizade.
Melhor
mesmo é a sinceridade. A verdade pode doer na hora em que ela é dita, mas
resolve o problema definitivamente. Quem mente ou fala apenas “da boca p’ra
fora”, procrastina, adia a solução. Atitudes assim, não raras vezes, fazem as
coisas piorarem. Quando a verdade vier à tona, muitas situações já não têm mais
como serem resolvidas e o prejuízo, definitivo, passa a ser de todos.
Assim
são as promessas de um falso líder corporativo. Promessas impossíveis de serem
cumpridas. É apenas um jogo político, um”populismo” barata que só deteriora o
ambiente de trabalho, comprometendo a eficácia da equipe, derrubando a
autoestima dos membros da equipe, o mesmo acontecendo com as metas e objetivos
da corporação. As corporações precisam subsistir e só consegue isso com equipes
motivadas, “vestindo” literalmente a sua camisa e conscientes dos objetivos e
metas a serem atingidos.
Não se
brinca com sentimentos das pessoas. Alguém pode simplesmente fazer uma promessa
que não vai poder ser cumprida, gerando expectativas em terceiros. A frustração
será grande e perigosa. Uma falsa declaração de amor e depois dizer que tudo
foi “brincadeirinha” (foi apenas uma expressão “da boca p’ra fora”) É quase um
crime, pois se tocou em algo sagrado das pessoas, os sentimentos.
Fica o
alerta: ser verdadeiro, sincero, proativo, assertivo é milhões de vezes melhor.
É sinal de maturidade, de consciência crítica, de autoconhecimento. Falar
apenas da “boca p’ra fora” em nada contribui para a consolidação de verdadeiras
amizades e para a paz e harmonia na sociedade.
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quinta-feira, 15 de setembro de 2016
O MEDO DE DEUS
“...O homem tem
necessidade de Deus. No entanto, o homem tem medo de Deus”.
Antonio Frederico Ozanam
Os vicentinos, isto é, os membros da SSVP, a Sociedade de
São Vicente de Paulo, conhecem muito bem quem foi Frederico Ozanam. Foi
simplesmente o fundador dessa instituição tão importante pelo bem que faz aos
pobres, necessitados e excluídos e também para seus membros.
Tão importante, que João Paulo II, ao beatificá-lo na
Jornada Mundial da Juventude em 1997, em Paris, o colocou-o como paradigma do
protagonismo juvenil e dos leigos em geral para os dias de hoje. Um santo leigo,
modelo e exemplo de vida, que viveu na primeira metade do Século XIX. Esse
período foi efervescente, com um grande movimento de ideias, revoltas,
revoluções e mudanças sociais. Muitos foram os protagonistas desse período,
entre eles o próprio Ozanam, Marx e Engels... E grandes líderes como Napoleão
Bonaparte... E tantos outros.
Mas, por que será que Ozanam disse esta frase tão
enigmática? Cabem muitas ilações... Podemos arriscar pelo menos uma. Ozanam foi
um jovem amadurecido em sua juventude. Visionário, aos 18 anos concebeu o
projeto de um dia “abraçar o mundo numa
rede de caridade”, projeto esse que fez João Paulo II lançar a “Globalização da Caridade” em contraponto
à globalização econômica, esta muito mais excludente do que inclusiva.
Para uma fé amadurecida não é concebível o “medo” de
Deus. Pois, da mesma maneira, é inconcebível um Deus, que ama tanto suas
criaturas, castigá-las ao ponto de fazê-las sofrer. Deus é misericórdia.
Ozanam, então, alertou seus contemporâneos e os pósteros, que não precisa ter
medo de Deus, basta conhecê-lo melhor, basta compreendê-lo e colocar na vida os
seus ensinamentos. É a coerência entre fé e vida. Ozanam fez isso... E num
projeto de grande escala, apesar da humildade de seus trabalhos. A SSVP nasceu
pequena, humilde, com um grupo de sete jovens idealistas, mas dispostos a dar
sua contribuição altruísta para melhorar o mundo de seu tempo, a partir dos
mais necessitados. Hoje a SSVP está presente no mundo inteiro, concretizando o
sonho de seu fundador, constituindo-se esse sonho o seu grande milagre.
Portanto, não é possível ter medo de Deus. Ele perdoa,
Ele compreende, Ele acolhe, Ele é todo misericórdia. Sim, é bom temer o afastamento
de Deus. Pois, quem se afasta da religiosidade, perde os freios da conduta e
comete as barbaridades (crime horrendos e hediondos) das quais a mídia
sensacionalista tanto gosta. Quem vive longe de Deus curte o seu próprio
inferno.
Por outro lado, que se aproxima de Deus é feliz, mesmo
não estando livres das vicissitudes, dificuldades e surpresas da vida, tem a
consciência tranquila de que “combate o bom combate” e vive o seu céu aqui
mesmo na terra.
Assim, como Ozanam vivenciou, não é necessário ter medo
de Deus.
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quarta-feira, 14 de setembro de 2016
POBREZA... POBREZAS
A pobreza é o indicativo de que algo está faltando ou se
está necessitando de alguma coisa. No jargão futebolístico, quando um
comentarista diz que o “jogo está pobre” e porque nele está faltando
criatividade dos jogadores e principalmente está ausente a “emoção” das jogadas
espetaculares e, principalmente, o gol, objetivo maior de uma partida.
Quando o crítico alerta que o discurso de tal deputado,
senador ou político qualquer também está “pobre” é porque nele está faltando
conteúdo, está faltando expressão, está faltando verdade, está faltando
convencimento.
E assim por diante. Em termos teóricos há vários tipos de
pobreza:
A pobreza material, quando está presente a falta de tudo,
principalmente dos gêneros de primeira necessidade (comida), moradia, estudo e
perspectiva de vida. A solução da pobreza material estrutural depende de
políticas públicas sérias, voltadas para o bem comum. A pobreza material
conjuntural, vinculada a situações momentâneas são resolvidas com ações
pontuais de pessoas, grupos ONGs, instituições voltadas para a prática da
caridade, como a SSVP (Sociedade de São Vicente de Paulo).
A pobreza espiritual decorre das opções de vida das
pessoas que menosprezam os valores espirituais como a religiosidade. Pessoas assim são
embrutecidas, violentas, autoritárias, arrogantes e por isso mesmo desprezíveis
e desnecessárias. A pobreza espiritual está na raiz das banalizações que
testemunhamos na atualidade
A pobreza de caráter está associada à pobreza espiritual.
Pessoas pobres de caráter não valorizam o humano, não respeitam os sentimentos
e se colocam no centro do ambiente em que vivem. São egoístas e não medem
esforços para fazer valer os seus interesses. Para essas pessoas a ética e a
moral estão em segundo plano. Com um olhar mais atento ao que está acontecendo
no mundo político é possível perceber o quanto de pobreza de caráter lá está
presente.
A pobreza cultural acontece quando as pessoas não se
interessam em compreender as razões mais profundas dos acontecimentos que
impactam suas vidas. Ficam apenas na informação superficial, volátil. A busca
dos “porquês” não está na agenda, não é preocupação no momento. São pessoas
vazias, com discursos e falas sem conteúdo, repetitivas, enfadonhas. Difíceis
de serem aturadas.
A pobreza ontológica surge quando as pessoas sentem a
necessidade de algo espiritual em sua vida. Aliás, todos somos espirituais,
pois somos dotados de alma, de coração, de sentimento, de emoção. Mas algumas
pessoas, por opção consciente, não aderem à espiritualidade ou à religiosidade,
alardeando aos quatro ventos que não acreditam em Deus e não querem Deus em
suas vidas. No entanto, são infelizes, inadequadas, vazias, brutas, carentes e
até infantilizadas. São pobres de Deus. Necessitam inconscientemente daquilo
que conscientemente rejeitam. Deus é essencial na vida de todo mundo. A
brutalidade e a banalização são filhas legítimas da pobreza ontológica.
A pobreza franciscana é a herança linda deixada por
Francisco de Assis. Ela tem fundamento no desapego dos bens materiais, na
simplicidade de vida e na humildade. Francisco “despiu-se” literalmente da
riqueza. A pobreza franciscana é humilde, mas consciente. Não condena a
riqueza, simplesmente a riqueza não tem valor algum. E a melhor notícia é que,
em plena era do Capitalismo Consumista é possível viver a pobreza franciscana,
mesmo sendo rico e possuindo bens. Basta a partilha, o altruísmo, a caridade, o
acolhimento, a amizade sincera e respeitosa.
Um pouco mais de conhecimento do ideário de Francisco de
Assis e seus companheiros fará muito bem à sociedade atual, hedonista e perdulária
por excelência.
Imagem: Google
terça-feira, 13 de setembro de 2016
O PODER DO EXEMPLO
“...O exemplo
arrasta!” Frase mais que conhecida. Talvez mais conhecida do que praticada.
Assim é o exemplo, uma grande força, talvez a única, capaz de mudar pessoas,
sociedades, o mundo enfim.
O exemplo está na base da ética e da moral. De nada valem
os discursos, os sermões, os gritos, as ordens, as leis autoritárias, se para
sustentação disso tudo não está o exemplo.
O exemplo é o fundamento da educação. Uma aula expositiva
tem sua importância e o seu lugar no processo pedagógico. A mesma importância
tem o “fazer” e o “construir” no como o outro lado do processo pedagógico. Mas
qualquer processo pedagógico é vazio sem o exemplo (ou os exemplos) dos
professores, dos funcionários, dos coordenadores, da equipe de direção. O
exemplo de conduta, de ética, de caráter, de coerência entre fé e vida que arrasta
e torna inequívocos os ensinamentos e os aprendizados.
O exemplo é o fundamento da liderança. Nenhuma liderança,
quer nas instituições, ONGs e no mundo corporativo, permanece, influencia,
torna os liderados em seguidores para juntos atingirem as metas e os objetivos
colimados, se não tiver do seu líder a humildade, o serviço e o e exemplo. O
exemplo de coerência, de ética e de respeito aos valores humanos, que arrasta!
O exemplo é o fundamento da relação familiar... No
relacionamento conjugal em que a fidelidade deve acontecer especialmente quando
se está distante (pois juntos é mais fácil)... A família moderna exige
comportamentos modernos, sem jamais comprometer valores históricos que
sustentam a integridade da família, como o respeito, a ética, a liberdade, o
amor pleno e, essencialmente, o exemplo de boa conduta. Porém, fundamental
mesmo é a relação entre pais e filhos. Falar muito e agir muito mais. Mais do
que nunca os exemplos dos pais são a base da formação moral e ética dos filhos.
Os filhos se mantêm atentos aos menores gestos dos pais.
Comparam diuturnamente as falas e as atitudes para cobrarem mais tarde, ou
absorverem as dúvidas e esse processo lhes fará muito mal ao longo da vida,
transformando-os em carentes, infantilizados ou imaturos. Culpa da incoerência
entre fé (no que acreditam) e vida (a prática) dos pais. Os exemplos arrastam e
se tornam indeléveis (para a vida toda).
O exemplo é o fundamento da autoridade. Jesus Cristo
tornou-se o grande líder da humanidade, o maior da história, simplesmente
porque primeiro fez para depois orientar os discípulos e seguidores a fazê-los.
Assim fizeram os demais grandes líderes da
História. E assim deve ser nos grandes momentos, nas grandes decisões,
mas também nos pequenos momentos e pequenas decisões do cotidiano.
Pois é no dia a dia, amiúde, que os exemplos também são
necessários e se tornam a base de um relacionamento social ético e saudável.
Coerência entre fé e vida.
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segunda-feira, 12 de setembro de 2016
VARIAÇÕES SOBRE A CORAGEM
A coragem é uma força que vem de dentro e que nos leva a
superar obstáculos e dificuldades, apesar dos medos inerentes à nossa
personalidade;
A nossa mente é um palco onde se desenrola um permanente
conflito entre a coragem e o medo, sentimentos que nos acompanham desde os
primórdios da humanidade.
O medo é proteção, coragem é superação. Ambos são úteis
na medida certa. O medo não pode ser empecilho para a vida... O medo não pode
ser fobia.
A coragem tem de ser comedida para que não corramos risco
de vida. Há de haver sempre o equilíbrio racional.
Os animais superam o medo e a coragem tendo em vista a sua
sobrevivência. Eles se desinstalam, isto é, saem da zona de conforto, para irem
atrás de alimentos para si e para seus filhotes. Num dado momento da vida, os
filhotes também saem do conforto do ninho, mesmo correndo os riscos, e passam,
por si próprios, a lutarem pela sobrevivência. As águias expulsam seus filhotes
“preguiçosos” de seus ninhos, atirando-os pedras abaixo. Eles voam ou morrem...
com ou sem medo!.
Já nós, humanos, damos muita importância o instinto do
medo... E também aos gritos alheios que invadem nossos ouvidos, dando-nos conta
de que talvez não sejamos tão corajosos assim (são os arautos das desgraças e
tragédias que nos incapacitam). Devemos, como antídoto contra o pessimismo,
praticar o exercício da surdez oportuna, para que essas ondas negativistas não
nos atinjam.
Coragem, etimologicamente vem do latim coraticum e significa agir sem medo e
com o coração (cor+aticum). Há também a origem francesa courage, como mesmo sentido da origem latina. Sempre o medo como
parâmetro e paradigma da coragem.
Mas, a coragem é necessária para a construção de um
projeto de vida. Sem coragem não se sai de casa, não se conquista a pessoa
amada, não se consegue o emprego dos sonhos, o carro do desejo, a viagem
inesquecível, não se vence o anonimato.
Ter coragem é superar obstáculos e vencer na vida. Ter
coreagem é enfrentar os perigos... Ter coragem é praticar atos heroicos... Ter
coragem e dominar o egoísmo e pensar no bem comum... Ter coragem é ser
altruísta, praticar a caridade... Ter coragem é ser humilde... Ter coragem é
ser líder servidor... Ter coragem é fazer história...
A coragem é o apanágio dos dotados de espírito forte, de
quem evoluiu para a maturidade, de quem construiu sonhos e projetos em bases
sólidas, incluindo-se aí a educação, o conhecimento, o autoconhecimento, a
religiosidade, a espiritualidade, os valores humanos.
E a fé acima de tudo. Com coragem.
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domingo, 11 de setembro de 2016
QUANDO UM "ALÔ" É NECESSÁRIO
Os “alôs”, não são apenas necessários... São
fundamentais!
Os animais cuidam dos filhos até que eles aprendam a se
cuidar e a caminhar com as próprias patas. A partir desse momento é cada um por
si, a natureza por todos e rompem-se os vínculos afetivos. De repente as fêmeas
entram novamente no do cio e lá vem nova ninhada.
Com a gente, seres humanos, não funciona assim. Há um
diferencial importantíssimo, um divisor de águas entre humanos e animais. Estes
vivem sob o signo do instinto. Nós temos alma, coração, sentimentos, vínculos
afetivos, quer de amor conjugal, de amizade, de laços de sangue, de irmãos por
adoção.
Um dos mistérios da vida é que o que hoje “é”, amanhã já
não “será”. Estamos vivos hoje e quem garante que estaremos vivos amanha? Pessoas
estão juntas de nós agora e amanhã (ou num futuro próximo) estarão bem
distante, ou apenas se esqueceram de nós, embora vivendo na mesma cidade ou na
mesma região metropolitana.
E, mesmo em tempos remotos, quando a comunicação não era
tão rápida como hoje, ainda assim as pessoas que não queriam perder os vínculos
mantinham correspondências com frequência regular. Davam notícias, contavam as
novidades do lugar onde estavam.
Hoje é tudo muito ágil e fácil. Quantos instrumentos
existem para que a comunicação instantânea aconteça! Não se justifica o
esquecimento, o ostracismo. Não se justifica a solidão. Porque, acima de tudo
há vínculos afetivos a serem preservados. Certamente pessoas ficariam contentes
com notícias sobre uma formatura (depois de tanta luta) ou um novo casamento
(depois de um relacionamento sofrível e infeliz). E outros recados que
deixariam felizes os corações.
Os “alôs”, por mais simples que sejam são absolutamente
necessários. Não dá para entender que as pessoas hoje em dia não consigam um
espaço, por menor que seja, em seu dia para acessar uma rede social e mandar um
recado para alguém que está longe e que foi importante em sua vida. E que certamente
está com saudade. Por certo essa pessoa distante já fez várias tentativas de comunicação
e não conseguiu. A saudade só aumenta. E a tristeza também.
As escolhas, as opções de vida, frutos da liberdade são
justas. Mas as do esquecimento consequências não! Pois, elas são injustas com
quem deu carinho, proteção, cuidado, conselhos e agora estão relegadas a um
segundo plano.
Os “alôs” são fundamentais, principalmente para aqueles
que, conscientes ou não, abandonam os amigos e pessoas importantes e suas
vidas. Por quê? Porque pessoas assim se tornam menos humanas e bem próximas do
reino animal... Que tristeza!
Imagem: Blog
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