O tema
é vasto e a literatura a respeito também. Vamos dar uma pequena contribuição. E
de começo o significado da palavra “misericórdia”. Ela define um sentimento
natural e humano de compaixão pelo sofrimento dos outros. Aliás, compaixão é
compadecer, é sofrer junto, sofrer com. Misericórdia vem do latim miserere, que quer dizer ter compaixão.
Já a expressão cordis, que significa coração. Então, mais profundamente,
misericórdia é sentir com o coração o que o outro está sentindo... É uma
tentativa de colocar-se no lugar do outro, num gesto pleno de solidariedade.
A
palavra misericórdia é abrangente, extrapolando o conceito de perdão e de
justiça. Vai muito além. Os cristãos sabem disso, pois têm absoluta e
inquestionável certeza de que Deus é infinitamente (sem medidas humanas)
misericordioso. Perdoa mesmo!
São 14
as obras de Misericórdia, divididas em duas categorias:
Obras Corporais
– dar de comer a quem tem fome, dar de
beber a quem tem sede, vestir os nus, visitar os doentes, visitar os presos,
acolher os peregrinos e sepultar os mortos.
Obras Espirituais
– dar bom conselho, corrigir os que
erram, ensinar os ignorantes, suportar com paciência as fraquezas do próximo,
consolar os aflitos, perdoar os que nos ofendem e rezar pelos vivos e pelos
mortos.
O Papa
Francisco, desde que assumiu o seu Pontificado, colocou a Misericórdia como seu
lema, tem pautado suas ações e suas falas em cima da misericórdia e
incentivando os cristãos e todos os cidadãos do mundo a praticarem
intensamente.
O
Jubileu Extraordinário da Misericórdia
anunciado pelo Papa em Abril de 2015, com a Encicllica “Misericordiae Vultus” (O Rosto da Misericórdia) teve inicio na
Festa da Imaculada Conceição, em 08 de Dezembro de 2015, com encerramento em Novembro
com a Festa de Cristo Rei, evento final do Ano litúrgico da Igreja Católica. Este
Ano Jubilar comemora os 50 anos do encerramento do Concilio Vaticano II e 25
anos da Encíclica “Dives in Misericordiae” de João Paulo II.
O Ano
da Misericórdia é um convite para a contemplação mais profunda do rosto
Misericordioso de Deus e aplicá-lo no dia-a-dia. Pois o mundo atual, ainda que
apresente as maravilhas tecnológicas, principalmente no campo da comunicação,
está contraminado pela discórdia, pelo desentendimento, pelas guerras, pela
ambição, pela falta de perdão, pelo fundamentalismo exacerbado, pelo egoísmo,
pelo consumismo, pela exclusão dos mais vulneráveis (inclusive os migrantes e
retirantes. Aqueles que fogem das guerras e das situações de miséria).
Os
gestos de misericórdia, para serem aplicados em grande escada precisam primeiro
ser praticados no micro mundo, no contexto particular, familiar e rede
relacionamentos. Sem perdão, compreensão, desapego e solidariedade, além do
respeito às leis, não há paz social. A grande paz no mundo começa a ser
construída no micro-contexto, tendo a misericórdia como apanágio.
Importantíssimo:
tem de haver coerência entre fé (naquilo que se acredita) e vida (aquilo que se
pratica). O mundo está cheio de incoerências. Superá-las é o grande desafio que
todos nós temos de vencer, como ensinamento maior deste Ano Santo da
Misericórdia.
Mais
informações? Na sua Igreja, na internet, nos livros...
Imagem:
Google
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