VARIAÇÃOES
SOBRE A RIQUEZA
“Se queres ser perfeito, vai vender tudo que
tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu, depois vem e seguir-me...”
Mt 19-21
Há
tendência natural das pessoas de condenar a riqueza. Menos os ricos, é claro.
Uma leitura superficial (para não dizer tendenciosa) da Bíblia, leva mesmo a
essa conclusão. Parece que a riqueza tem um mal intrínseco. Não é bem assim. No
versículo acima, Jesus questiona e confronta o jovem rico em sua essência, não
condenando a riqueza, mas colocando o seu apego à prova.
Se há
um mal na riqueza é mesmo o apego a ela. Deus não permitiria a riqueza se fosse
ela para prejudicar e perder as pessoas, suas criaturas mais importantes e
elevadas. O diferencial começa aí.
Há o do
livre arbítrio, o exercício das escolhas, as opções. Quem optou por não ter
Deus em sua vida, tudo bem! Parece que quem assim procede tem um sentido maior
de liberdade para tudo fazer. Não é bem assim... Isso é outro departamento e
não o foco nesse momento.
O que
Jesus quer ensinar, entre tantas verdades, é que há uma hipoteca social ligada
à riqueza. Ela é obtida com as benesses da natureza e da vida. Ninguém
enriquece sozinho. Há um conjunto de fatores que conspiram em favor de alguém
que luta e trabalha para construir sua riqueza, além das suas virtudes e
qualidades individuais. Essa hipoteca social sugere que a pessoa rica, e
qualquer outra não rica, precisa perceber o mundo em seu redor e não esquecer
das pessoas desprovidas, pobres, famintas, excluídas. Não é redistribuir sua
riqueza, mas contribuir de forma organizada, serena e consciente com
instituições sérias que cuidam dos desvalidos.
O apego
é um veneno que leva à arrogância, à prepotência, à falta de humildade, à
ofensa e à disposição de taxar qualquer desvalido como vagabundo, malandro. A
existência de malandros e preguiçosos entre os desvalidos, não invalida a
injustiça social a que a maioria do grupo está submetida.
Muitos
pobres odeiam os ricos e a riqueza, como forma de se defender de sua
incapacidade de ascender na escala social. Isso também é outro aspecto a ser
considerado. Muitos ricos odeiam os pobres, como forma de se defenderem e se
protegerem. Tanto de um lado como e outro há a incapacidade de diálogo social,
em busca da paz e do equilíbrio. Por isso os muros, os condomínios fechados, o
isolamento e a exclusão.
A
riqueza está intimamente ligada ao poder. A pobreza, à exclusão. Manda quem
pode... Daí a sabedoria de Jesus ao confrontar o jovem rico em sua essência.
Que o rapaz realmente quer? A certeza de ganhar o céu? Ou a permanência num de
luxo e ostentação sem compromissos com a sociedade?
E no
contexto desse Evangelho (aí está a sua função social) Jesus fornece as dicas:
para segui-lo será preciso total e irrestrita renúncia. E isso pouca gente
gostaria de fazer. No tempo de Jesus e também agora!
Imagem:
Google
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