O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me
dá
Que brota à flor da pele, será que
me dá
E que me sobe às faces e me faz
corar
E que me salta aos olhos a me
atraiçoar...
E que me aperta o peito e me faz
confessar
O que não tem mais jeito de
dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz implorar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca
terá
O que não tem receita
O que será que será
Que dá dentro da gente e que não
devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não
sacia
Que é feito estar doente de uma
folia
Que nem dez mandamentos vão
conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda
alquimia
E nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca
terá
O que não tem cansaço, nem nunca
terá
O que não tem limite
O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que
me dá
Que me perturba o sono, será que me
dá
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os suores me vêm encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a
clamar
E uma aflição medonha me faz
(.......)
O que não tem vergonha, nem nunca
terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo
Vídeo: Youtube
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