Muito se tem falado,
aqui mesmo repetido tantas vezes, a respeito das tribulações do mundo
moderno... Sua velocidade, suas
cobranças, o consumismo, as conquistas tecnológicas... O Trânsito, as poluições, especialmente a
sonora... Situações que colocam em cheque a qualidade da vida humana, ainda que
o apelo à inserção nesse mundo endoidecedor seja muito forte e as pessoas
tendem a aceitá-la com o medo de ficar de fora de moda.
A parada para
recarregar as energias e repensar o estilo de vida é absolutamente necessária.
Surgem então os
arautos do silêncio. São aqueles especialistas em pessoas que pregam a
valorização da vida através das “paradas”, do exercício do silêncio. E não
falam apenas em ficar quieto e curtir a ausência de ruídos. Não falam apenas da
solidão... Falam em experienciar o “nada”.
O silêncio, a prática
de fechar tudo, desligar tudo e tentar nada ouvir pode gerar uma ansiedade, uma
vontade de voltar logo à ativa, correr atrás das coisas, dos negócios, dos
contatos, pois não pode perder o ritmo frenético da vida. São momentos
supérfluos, superficiais, que realmente nada acrescentam à qualidade de vida
das pessoas. Perde-se o tempo, gerando ainda mais ansiedade.
A solidão traz um
traço doentio, tem um “quê” depressivo, de fuga, de revolta com o mundo, no
qual não se consegue acompanhar sua velocidade, não se é tão “antenado” e por
isso não se consegue os amores e as amizades pretendidas... Então a solidão é
um refúgio, feito o caramujo que se esconde sob o próprio corpo para não
enfrentar o perigo. A solidão não ajuda a melhorar a qualidade de vida... Pode
piorá-la...
A experiência da
“solitude” e do “nada” é a soma de tudo o que define o silêncio (ausência de
ruídos, de sons, de poluição sonora dos mais diversos tipos e origem), ao
desejo consciente, maduro, racional, de viver uma viagem interior para, de
fato, se regenerar, desconstruir sua realidade e reconstruí-la, tendo como base
uma reflexão profunda da vida, dos valores, das experiências, dos acontecimentos
de sua história, dos amores, das amizades, dos fracassos, dos sucessos e tantos
outros fatores inerentes e específicos da vida de cada um.
Essa experiência, para
ser válida e construtiva, deve acontecer em momentos chaves da vida, nas viradas
de ciclos, em períodos apropriados e em locais que permitam essa “retirada” ou
o “retiro” para o maravilhoso reencontro consigo mesmo.
Não há uma regra ou
técnica específica para o exercício da meditação e vivenciar a “solitude” e o
“nada”. Como nos exercícios físicos,
cada um tem suas necessidades e também tem os seus limites. Tudo isso deve ser
respeitado.
O importante mesmo é
não se render a essa loucura de vida que o mundo atual impõe. E estabelecer um
critério de vida que corresponda ao que se deseja alcançar, sem nunca macular
ou colocar em risco a qualidade de vida.
Sem saúde a vida pode
ser muito mais curta do que se pensa.
Imagem: Google
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