Final de um dia
primaveril... O céu azul indica que os
ventos levaram as nuvens brancas para longe.
Sol caminha para o ocaso, fazendo com que o arrebol inunde o
horizonte... A noite dá os seus prenúncios. Hoje é o plenilúnio...
O caminheiro poeta
está na estrada... Distante está a
cidade grande... Ele vai para o sertão
rever parentes e amigos da infância que não se aventuraram a deixar o rincão
querido. Não é um local inóspito, mas
sem os sinais da civilização. Portanto, de
nada adiante os aparelhos celulares, os tablets e smartphones. Eles estão
dormindo em sua bagagem.
Já na estrada de chão
batido, Sente a ardência da poeira nas suas narinas e o cheiro penetrante dos
currais. Nas colinas, o gado começa a se acomodar
para a noite que se se avizinha. Nas árvores o burburinho dos tico-ticos, canários
e outros pássaros que disputam nos galhos o espaço para o seu repouso...
De um lado o sol já
escondeu. De outro, o disco prateado e
brilhante da lua começa a despontar, fazendo que a escuridão não seja total... As luzes das casinhas, ao longe, são apenas pontos luminosos, como
estrelas amareladas no chão. O caminheiro não teme sua caminhada, ainda que mal
conheça a estrada que não percorria há tanto tempo.
Ele contempla a lua em
sua plenitude e majestade. Lua, luz,
romantismo saudade... O caminheiro pensa no passado, imagina o que vai
acontecer assim que chegar e nos dias que se seguirão: o reencontro com o
passado, com as coisas e as gentes que marcaram sua vida até a sua partida para
a cidade grande. Pensa na saudade... Por que saudade?
A vida lhe conduziu
para caminhos bons, realizações pessoais, sentimentais e profissionais. Saudade
como elo de ligação entre o que foi bom
no passado com o que é bom no presente. Saudade, como reconhecimento. Saudade como gratidão, não como tristeza.
O caminheiro passa por
uma pequena floresta, ouve os grilos, os sapos coaxando, os vagalumes pipocando
aqui e ali, o silêncio tenso da travessia, enquanto a lua o espia por entre os
galhos. Há um enlevo nessa caminhada... A ansiedade pela chegada... Os passos
cada vez mais rápidos... O arfar da respiração... Nenhuma viv’alma... Tudo
parece dormir... Que mundo é esse, tão diferente da cidade grande?
Saudade... Por que
saudade, justamente agora? Sim é a saudade que o move nesse momento. Na sua
mente a consciência de que esta poderá sua última visita ao rincão onde
nascera... A idade já avança e os compromissos na cidade grande ainda são
muitos.
A saudade nos faz caminheiros
em busca do passado, para reencontrar as alegrias e os alicerces sobre os quais
construímos nossas vidas, nossa felicidade, nossas vitórias, enfim, o que
somos no presente.
Contemplemos a lua
cheia... Façamos versos bonitos para a pessoa amada. A lua, a saudade, o
romantismo, o amor... Tudo isso nos humaniza e nos fazem gentes...
...E é isso que toda a
parafernália tecnológica de hoje tenta nos roubar.
Imagem: Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário