Contemplo a imensidão
seca... Galhos retorcidos... Chão esturricado... Açudes quase secos... Gado
magro... Seres caminhando devagar...
Em meio à secura eles
estão lá, verdes, mas cobertos de poeira... Os mandacarus... Imagens da
imensidão seca... Nordeste brasileiro.
Mandacarus e outros
cactos... Alguns floridos, lindos, em contraste com a quase morte da região...
Contemplo as cidades,
mesmo as litorâneas do Nordeste brasileiro... Nas janelas dos prédios e nos
jardins das mansões, os cactos, vindos do mundo inteiro. “Este é da America Central...” “Este é da Colômbia... ”Aqui está um
da Califórnia...” “É verdade! Da Califórnia...”
“Aquele ali, próximo ao muro do fundo? É o Figo da Índia...
A gente come sua fruta. Aquele do outro lado é o agave e dele se faz cordas... Que lindas flores! Como fica
bonito no jardim! É exótico no pomar...”
O cacto impressiona
pela beleza de suas flores e também pela sua fortaleza... Como Deus e a
natureza são bons”
Quando muita gente está
desesperada pela falta de chuva e preocupada com o “futuro” da humanidade, eles
estão lá, tranqüilos... Preocupados com a falta d’água? Nem um pouco... Seus
espinhos são folhas atrofiadas que impedem o desperdício de água... É uma lição
para os humanos? Quem sabe...
Os cactos são
especiais, como o mandacaru nordestino também é. Eles lembram o homem do
sertão... Mas do sertão longínquo, distante, muito distante da civilização...
O homem que luta, que
sofre, que não tem perspectivas... O homem do sertão que é como o cacto, mesmo
sem beleza exterior, é forte, tem alma pura, coragem forte e decisão indômita
de continuar pisando o chão esturricado, quente e seco... Se tudo definha ao
seu lado, ele espera, adia indefinidamente o seu definhamento até que a nova temporada
de chuvas... Quando chega!
Aí, então, como o
cacto que floresce, o homem do sertão revigora a vida e segue em frente dando
graças a Deus pelos parcos pingos de água que Ele mandou... Nem olha pra
trás...
O cacto, e
especialmente o mandacaru são mais que simbólicos: resistem, têm a na alma a
flor que espera o tempo certo para surgir. O nordestino igualmente “é um
forte!” e resiste e mantém a alma pronta para se transformar em flor e sorrir
para a vida no tempo (certo) de Deus.
Os cactos são exóticos...
Os sertanejos nordestinos não são exóticos... São humanos, filhos do mesmo Deus,
dotados da mesma dignidade que arrogamos ter. Por que razão os tratamos com
indiferença (inclusive política)? Com preconceito? Como “diferente”?
Valha-nos Deus!
Imagem: Google
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