(Este
texto está no site: http://pensador.uol.com.br/a_semana_do_transito/4/)
“Tínhamos
uma aula de Fisiologia na Escola de Medicina logo após a Semana da Pária. Como
a maioria dos alunos havia viajado aproveitando o feriado prolongado, todos
estavam ansiosos para contar as novidades aos colegas e assim a excitação era
geral. Um velho professor entrou na sala
e imediatamente percebeu que iria ter trabalho para conseguir silêncio. Com
grande dose de paciência tentou começar a aula, mas você acha que a turma
correspondeu? Que nada!
Com um
certo constrangimento, o professor tornou a pedir silêncio, educadamente. Não
adiantou... Ignoramos a solicitação e continuamos firmes na conversa. Foi aí
que o velho professor perdeu a paciência e deu a maior bronca que eu já
presenciei.
Veja o
que ele disse:
‘Prestem atenção porque eu falar isso uma
única vez. Desde que comecei a lecionar, isso já faz muitos anos, descobri que
nós professores, trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma turma. Em todos esses
anos observei que de cada cem alunos, apenas cinco são realmente aqueles que
fadem alguma diferença no futuro. Apenas cinco se tornam profissionais
brilhantes e contribuem de uma forma significativa para melhorar a qualidade de
vida das pessoas.
Os outros 95% servem apenas para fazer
volume. São medíocres e passam pela vida sem deixar nada de útil.
O interessante é que esta porcentagem vale
para todo mundo...
Se vocês prestarem atenção, notarão que de
cem professores apenas cinco são aqueles eu fazem a diferença, de cem garçons,
apenas cinco são excelentes; de cem motoristas de taxi, apenas cinco são verdadeiros
profissionais; e podemos generalizar ainda mais: de cem pessoas, apenas cinco
são realmente especiais.
É uma pena muito grande não termos como
separar estes 5% do resto, pois se isso fosse possível, eu deixaria apenas os
alunos especiais nessa sala e colocaria os demais para fora, então teria o silêncio necdessário para dar uma boa aula
e dormiria tranqüilo sabendo ter investido nos melhores. Mas infelizmente não
há como saber quais de vocês são estes alunos. Só o tempo é capaz de mostrar
isso.
Portanto, terei de me conformar e tentar dar
uma aula para os alunos especiais, apesar da confusão que estará sendo feita
pelo resto. Claro que cada um de vocês sempre pode escolher a qual grupo
pertencerá. Obrigado pela atenção e vamos a aula de hoje’.
Nem
preciso dizer sobre o silêncio que ficou na sala e no nível de atenção que o
professor conseguiu após aquele discurso. Aliás, a bronca tocou fundo em todos
nós, pois minha turma teve um comportamento exemplar em todas as aulas de
Fisiologia durante todo o semestre. Afinal, quem gostaria de espontaneamente
ser classificado como fazendo parte do resto?
Hoje
não me lembro muita coisa das aulas de Fisiologia, mas a bronca do professor eu
nunca mais esqueci. Para mim, aquele professor foi um dos
5% que
fizeram diferença em minha vida. De fato, percebi que ele tinha razão e, desde
então, tenho feito de tudo para ficar sempre no grupo dos 5%, mas, como ele
disse, não há como saber se estamos indo bem ou não; só o tempo dirá a que
grupo pertencemos.
Contudo,
uma coisa é certa: se não tentarmos ser especiais em tudo que fazemos, se não
tentarmos fazer tudo o melhor possível, seguramente sobraremos na turma do
resto”.
Imagem:
Google
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