Parece
estranho falar de romantismo hoje em dia, não? Em tempos de fast food, caracol
não tem vez... Em tempos “Velozes e
Furiosos” contemplar estrelas é para “lunático” ou “doido varrido”...
Aliás,
em tempos urbanos, os “urbanóides” para ver alguma coisa mais concreta no céu preciso
deixar o seu habitat. Coisa difícil...
Pois,
então, a expressão “lunático” é atribuído a um vacilo do filósofo Tales de Mileto,
também grande matemático. “Conta-se que
ele, ao ser conduzido para fora de sua casa por uma velhinha para observar os
astros, teria caído num buraco. A velhinha teria comentado: ‘Tales, não consegues
ver o que tens aos pés e desejas conhecer o que está no céu’?”. Daí esse
apelido.
Olhar
para o céu, contemplar ou contar estrelas, pode, sim, ser coisas de “lunáticos”,
mas tem tudo a ver com o ser humano, sua pequenez diante de um Criador capaz de
tamanha façanha, construir algo inatingível, mas que evoca os mais profundos sentimentos
de gratidão, de maravilha, de amor, de romantismo, de poesia, de filosofia...
Uma
linda obra da discografia brasileira é um sinônimo desse encantamento. Chama-se
“Estrela do Mar”, composta por Paulo
Soledade e Merino Pinto, gravada por Dalva de Oliveira, Maria Bethânia e
outros. A letra (está na internet) é a seguinte:
Um
pequenino grão de areia
Que era
um eterno sonhador
Olhando
o céu viu uma estrela
Imaginou
coisas de amor
Passaram-se
anos, muitos anos
Ela no
céu, ele no mar
Dizem
que nunca o pobrezinho
Pode
com ela se encontrar
Se
houve ou se não houve
Alguma
coisa entre eles dois
Ninguém
soube até hoje explicar
O que
já de verdade
È que
depois, muito depois
Apareceu
a estrela do mar
Os limites
do espaço sideral, e o seu conteúdo, escapam de longe a capacidade humana de
conhecê-los. É imaginável por cálculos matemáticos, físicos e astronômicos.
A
infinitude do céu e a impossibilidade de contar todas as suas estrelas podem
ser comparadas a um grande, sincero, livre, profundo, verdadeiro e respeitoso
amor... Um amor assim e um contador de estrelas jamais chegam ao fim... Ainda
que existam buracos na estrada!
Felizes
daqueles que ainda conseguem amar no ritmo do caracol... Quem tem pressa “come
cru” ou queima a boca com a sopa. Quem faz como o caracol pode observar o mundo ao seu redor, descobrir as maravilhas do céu,
contemplar a pessoa amada, ver nela todos os dias belezas novas e aprofundar
ainda mais os seus sentimentos. Amar é observar e cuidar. Sem pressa.
A vida
pode cobrar rapidez, velocidade, intensidade... Mas sempre é possível encontrar
momentos para tentar contar estrelas e compor versos de amor, para que a vida realmente tenha sentido.
...E não é estranho falar de amor quando se ama profundamente!
Imagem:
Google
Até parece que foi feita pra mim!
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