Nas
missas da Igreja Católica há um momento extremamente singelo que é o “Abraço da
Paz”. O padre celebrante, ou o concelebrante, ou mesmo o diácono presente, com
os abraços abertos, conclama os fiéis presentes a confraternizarem-se: “...Como filhos e filhas do Deus da paz,
saudai-vos com um gesto de comunhão fraterna” (Há outras fórmulas dessa
oração). Então, as pessoas abraçam gentilmente as que estão à sua direita e à
sua esquerda... Ato contínuo o ritual da missa continua...
Porém,
o que se vê é, geralmente, uma grande confusão. As pessoas não se abraçam,
simplesmente estendem à mão para cumprimentar não só os vizinhos da esquerda ou
da direita, mas o que estão atrás, na frente ou nas pontas do banco. E mais importante:
é um cumprimento frouxo, um simples encostar de mãos, sem o olho no olho, olhar
virado para outro lado e sorriso magro sem descolar os dentes. Gentilezas superficiais.
Não
conhecemos as realidades de outras Igrejas...
O que a
gente vê nas Igrejas Católicas é apenas um reflexo do que acontece na
sociedade, nas relações sociais e interpessoais.
Há
muita correria, o tempo é curto, as atividades intensas... E o tempo que sobra
não é suficiente para as conexões via redes sociais. Fica mesmo a superficialidade.
Quando
os amigos se encontram as conversas são rápidas e se há gente nova para serem
apresentadas, o “muito prazer” é dito sem o olho no olho e sem interrupção da
conversa inicial, pois de fato, não “há tempo a perder”... As pessoas são descartadas...
Nas reapresentações são comuns expressões como: “Nossa, como não me lembro de
você?” Claro que não se lembra... Nem olhou no seu rosto!
Tudo,
tudo mesmo, que fazemos para as pessoas, cedo ou tarde, volta para nós. De bom
ou de ruim... Inclusive as falsas gentilezas. É a eterna e infalível “lei do
retorno”...
É a
“dança das gentilezas superficiais”... Tem gente dizendo que “algumas pessoas, só vale a pena conhecer
superficialmente mesmo”. É uma triste realidade.
Pessoas
com espírito de profundidade não têm pressa, praticam o olho no olho, conseguem
ver os sorrisos, o bailar das nuvens, o brilhar da lua cheia, a multidão de
estrelas noite sem lua, a peregrinação das borboletas nos jardins, ouvir o
agradecimento do beija-flor quando bebe a água que você deixa para ele na
varanda da casa ou na sacada do apartamento.
Pessoas
superficiais não percebem nada disso. Não têm tempo... Quanto mais um abraço,
palavras de carinho, elogios espontâneos e sinceros. Vão logo “imaginando”
outras coisas...
O Papa
Francisco tem ensinado e incentivado as gentilezas e delicadezas de sempre, com
frases como essa: “Dê um sorriso a um
estranho. Pode ser a única alegria que ela tenha nesse dia”.
Na
pós-modernidade, sob o domínio e o signo da comunicação e comunicabilidade, as
sociedades, as famílias, as pessoas estão perdendo a essência do humanismo, que
a capacidade de amar profundamente, de fazer amigos sinceros, de praticar
solidariedade. Gestos nobres que unem as pessoas e promovem o equilíbrio social
e a paz.
Xô!...
Gentilezas superficiais...
Imagem:
Google
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