sábado, 5 de outubro de 2013

AS PEQUENAS INJUSTIÇAS QUE COMENTEMOS

 A natureza nos constituiu com dois ouvidos e uma única boca.
São inúmeros os benefícios que usufruímos disso. Os ouvidos nos fazem interagir com o ambiente, permitem-nos perceber os sons maravilhosos, como as músicas e a natureza. Outras vezes nem tanto, como os ruídos das cidades e as músicas que nem sempre nos fazem bem. Com os ouvidos é possível percebermos os perigos que nos rondam e nesse quesito, eles podem até antecipar os que os olhos irão ver no instante seguinte.

Outra consideração importante que podemos fazer a partir do fato de termos dois ouvidos e uma boca é que, sabiamente, a natureza nos recomenda a ouvir mais e a falar menos. Ouvir muito e falar pouco.

Fomos agraciados com esses dotes físicos, porque há momentos em que corremos o risco de falar demais e arrumar para nossa cabeça tremendas confusões. Falamos de tudo, reparamos em tudo e a língua funciona à toda velocidade, competindo até com os locutores esportivos mais entusiasmados... E tome barulho, falatórios, fofocas e coisas do gênero!

Cometemos, assim, infelizmente, muitas pequenas injustiças.

E mais, tudo o que falamos refletem as nossas premissas, que são valores, idéias, conceitos e preconceitos enraizados em nossa mente desde a vida intra-uterina. Muito do que falamos “escapam” e saem de nossa boca “sem querer”. Quando nos damos conta, já falamos!

Os preconceitos, então, são terríveis. Emitimos comentários preconceituosos (“sem querer”) muitas vezes, pois nossos olhos e ouvidos, atentos, buscam tudo. E quando aliados, olhos e ouvidos apurados, a boca faz uma festa! Comentamos sobre o peso, a cor, a magreza, o cabelo, as nádegas, os seios, os gestos, os trejeitos, a altura, o vestir, o falar, a origem... Muitos comentários surgem como “brincadeiras” e não percebemos que eles vão  ao que é sagrado no ser humano: os seus sentimentos. Ferimos os sentimentos das pessoas. Quanta injustiça!

E quanto percebemos que assim agimos, pedir desculpas (que é o melhor caminho), só complica a situação. “A emenda sai pior que o soneto”. O jeito é mesmo tomar cuidado e seguir o ensinamento da natureza. Precisamos ouvir mais e falar menos.

Essa postura é um belo exercício de autodomínio, de tomada de consciência, de aprendizado. Precisamos aprender a ouvir mais. Quem ouve com paciência tem mais tempo para reelaborar o seu raciocínio, ser mais prudente, compreender melhor a pessoa com quem está falando. Ela tem toda uma história de vida a ser considerada. Vale a máxima “não fazer para o outro aquilo que não desejo que o outro faça para mim”.

Esse é caminho para que não cometamos as injustiças que tanto machucam as pessoas.





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