sábado, 12 de outubro de 2013

O QUE SE FOI


Há muitas maneiras de encarar o passado... Ele é irrevogável em nossa vida. Ele nos pertence. Não há como fugir dele. Uns o consideram com alegria, outros nem tanto. Na escola, então, há uma latente ojeriza à História que é a ciência que estuda o passado. “Passado é coisa de museu!” grita a maioria. “...Estudar essas coisas p’ra quê? Se nada vai mudar!...”, outros acrescentam.

Convenhamos estudar o passado é mesmo muito chato!

Aí aparecem alguns abnegados a dizer solenemente que “Aquele que não conhece a sua história (ou melhor, o seu passado) está condenado a repeti-lo...”

Bem, estudar o passado, através da história e gostar ou não de fazer isso, ficam por conta de cada um.

O que me interessa, mesmo, é a reflexão sobre a história de vida de cada pessoa. Como já disse, ela está impregnada no nosso ser. Vira e mexe estamos lá revirando a velha caixa de sapatos cheia de fotos. E as expressões surgem:
- “Nossa que lindinha, nem me lembrava mais disso...”
- “Essa foto aqui foi no dia em que eu e meus amigos fomos à cachoeira, minha mãe não queria deixar de jeito nenhum, Foi uma luta. Quantas recomendações! Fiquei até chateada no dia. Mas hoje compreendo a minha mãe...
- “Está vendo esse cara a aqui? Fez de tudo para namorar comigo. Eu não quis não. Fiquei com medo de não dar certo. Bobeira, não é mesmo. Hoje as meninas caem matando... Ele sumiu e deve estar casado. Deve ser até avô.
- Eita... Que saudade da minha mãezinha. Como ela está linda aqui! Ela falava com os olhos e a gente até tremia na base. Minha mãe sempre foi bonita, elegante. Não ia à padaria sem se arrumar!
- Aqui meu pai... Estou nos braços dele. Ele tinha um cuidado com a gente... Arrumava a minha saia do colégio e respeitava muito a minha mãe! Eram lindos...

E são tantas as fotos, os bilhetes, as cartas... Claro que nem tudo era alegria. As tristezas aconteciam... Mas hoje o passado nos remete a momentos, que sem querer, eram de alicerce, de solidificação, de nossa construção como pessoa.

Perigos? Havia os perigos. Mas não havia tanta banalização. Hoje tudo é banal. Morreu? De quê? Assassinado? Mais um...

Rever essas fotos, retomando as lembranças do que se foi, penso na inocência, na infância sem malícia, nas cantigas de roda, nas correspondências via revistinhas, nos namoros de pegar apenas nas mãos, no amor platônico. Vem à mente a idéia de um mundo feliz, menos consumista, menos, banal, menos apelativo, menos tenso.

É certo que o passado passou, está na História... Foi... Não podemos desprezá-lo ou menosprezá-lo, pois ele tem muito a nos ensinar. No passado estão os ensinamentos do nosso pai, os conselhos da nossa mãe, o que disseram os professores, os avós, os amigos mais velhos, os padres, os pastores, os catequistas, os jornalistas. Tudo isso condiciona a nossa vida hoje e de alguma forma orienta as nossas ações, as nossas atitudes, a nossa moral.

É muito bom brincar com o passado de vez em quando. A gente até pode fazer uma revisão das verdades que nos ajudaram a sermos o que somos hoje.

Estudar a História assim, me parece, não ser tão chato!



Um comentário:

  1. Olhe, como é bom a gente de vez em quando tomar um chazinho de passado, revendo aquelas fotos em branco e preto, que nos fazem viajar por tempos que não voltam mais. Foi o que aconteceu comigo quando li o texto de hoje. Fez me pensar realmente nos valores que ainda são importantes para nossa vida em sociedade. Obrigado por dar aos seus leitores essa possibilidade e sesse presente. Parabéns. Nunca deixo de acompanhar o seu blog, pois é uma bela surpresa a cada texto.

    ResponderExcluir