Estou
no olho do furacão! Não, não é uma tempestade de granizo e ventos fortes... E o
centro da cidade grande... É gente que corre, fala, grita... Crianças que
choram... Jovens e adolescentes que riem, brincam... Ônibus, carros,
buzinaço.... Fumaça, ambulantes... Sirenes... Meu Deus que mundo é esse!?
Estou
só... Solitária na multidão... Penso no quanto somos dependentes uns dos outros
nessa “pretensa” sociedade moderna.
Lembro-me
de uma cerimônia de casamento católico em que o diácono num dado momento
dirige-se à noiva e diz: “Não se preocupe
com sua felicidade, ela está nas mãos de seu noivo...” E, voltando-se ao
noivo repete: “Você, meu amigo, não se
preocupe com sua felicidade, ela está nas mãos de sua noiva...” E concluiu:
“Acreditem nisso!”
E vejo,
nesse torvelinho de gente e coisas, pessoas caminham de mãos dadas. Vejo mães
que abraçam fortes seus filhos junto ao corpo. Vejo vendedores e vendedoras com
olhos angustiados tentando atrair os compradores para seus produtos. Certamente
precisam atingir suas metas.
Os sons
dos ambulantes se misturam aos ruídos dos carros à poluição do ar. Estou em
meio a balbúrdia e à singeleza dos gestos de amor. Meu ônibus não chega, Preciso da paz da minha
casa. Quanta dependência!
Manuseio
desatenciosamente uma revista e de repente depara-me com uma frase de Goethe: “O mais belo estado de vida é a dependência
livre e voluntária e como ela seria possível sem o amor?”
Nossa!
Tudo a ver com as cenas daquele casamento.
A dependência só tem sentido com essa dose de responsabilidade das
pessoas envolvidas. E não apenas das pessoas e sim dos atores envolvidos, pois
somos dependentes do Estado, dos transportes, do sistema de saúde, da educação,
mas, sobretudo da interdependência das pessoas que amamos.
Entregar-se
à dependência não é entrar por baixo numa relação... É acreditar no amor e na
pessoa amada e, sobretudo manter o direito à liberdade, pois um relacionamento
a dois, de igual para igual, a dependência é mútua, e a independência também é
igual.
Ufa! Estou
à caminho de casa. Ajeitei as sacolas... Ouço música, tento me livrar da
balbúrdia... Agora quero depender mesmo
da minha liberdade para ficar só e usufruir da minha paz.
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