quinta-feira, 24 de julho de 2014

QUANDO O COMINHO DESTEMPEROU O DIA



O dia prometia ser especial... E foi!

Ela acordou bem cedinho, aliás, um pouco mais cedo que de costume. O dia prometia ser especial, pois faria uma apresentação para sua equipe de trabalho e para qual vinha se preparando há mais de uma semana.

Uma roupinha diferente, um toque especial no cabelo, um par de sapatos um pouco mais alto...

O único porém: deveria ir de ônibus, como todos os dias. Não morava ma periferia, mas na região metropolitana.

Foi para o “ponto”, ansiosa e, de fato, tomou o primeiro que passou. Ainda bem que estava adiantada. Sentou-se numa dos últimos bancos. Colocou o fone de ouvido e começou a ouvir música, exatamente para relaxar, já que o que tinha estudado e ensaiado tudo que precisava.

Assim fez... Até tirou um cochilo, importante para chegar ao trabalho ainda melhor.

E então aconteceu... Já quase no final da viagem, um senhor entra no ônibus e se dirige, também, para os últimos bancos. Ficou em pé. Tinha acabado de passar na feira e estava com a sacola ecológica cheia, principalmente de ingredientes para tempero.

E o “sabor” que realmente tomou conta do ônibus e atingiu diretamente o cabelo muito bem cuidado da moça foi o cominho... Cheiro realmente muito forte... Ela literalmente “viajava” ao som das músicas.

De repente acordou e assustada e quase sufocada pelo cheiro do cuminho. Experimentou o cabelo... Cominho puro.  Deu um pulo e gritou para o homem da sacola:
- Viu o senhor fez? Contaminou o meu cabelo, a minha roupa! E agora o que vou fazer?

O homem continuou tão tranqüilo quanto começou sua viagem. Nem percebeu se a moça estava falando com ele ou não.

Ela desceu no próximo ponto, muito perto do trabalho. Já não estava tranqüila, e não sabia o quê fazer para se livrar do tempero. Logo na entrada ouviu de seu colega brincalhão:
- Oi amiga, madrugou hoje e já deixou o almoço pronto? Posso lhe fazer companhia?

Nervosa, ansiosa, constrangida, corajosa... Deu conta do recado. Depois se recolheu no seu canto, cumpriu as missões do dia, evitando o contato com os demais colegas.

Da sua cabeça não saía a imagem do homem tranqüilo e sua sacola de temperos. E, principalmente, do cominho que destemperou o seu dia.



Imagem: Google

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