Porque o dia se chama dia? Por que o
escuro é escuro? Por que homem é homem e mulher é mulher? E o côncavo? E o
convexo? A água? O fogo? Questões aparentemente simples ou simplistas. Está
claro, lógico. Mas há sempre uma dualidade nas coisas, ninguém ou nada é
sozinho. Tem sempre o outro como referência. Assim o é dia porque logo vem a
noite. A referência do dia é a noite, e vice-versa. Da mesma forma a mulher é a
referência do homem e vice-versa; O convexo do côncavo, a água do fogo, e assim
por diante.
E seguem as relações e interações da
dualidade: amor e indiferença, tristeza e alegria, partir e ficar, encontro e
desencontro, rir e chorar, nascer e morrer...
Ninguém nasce só. Ninguém existe por
si só, a menos que esse alguém seja o próprio Deus. Mas o próprio Deus existe
numa comunidade: a Trindade.
Muito interessante a idéia do Pe.
Zezinho (José Fernandes de Oliveira, SCJ). São dele essas palavras:
“Nasci para ser feliz porque Deus não cria ninguém para
ser infeliz.
É o meu primeiro chamado.
Nasci para fazer os outros felizes.
É o meu segundo chamado”.
Assim é a vida, feita de relações e
interações da dualidade. Preciso do outro... Preciso do outro para ser feliz,
para gerar vida. Preciso do outro para ser família, para ser comunidade, para
ser cidadã. Preciso do outro para cuidar e ser cuidada, para assistir e ser
assistida...
Nunca, jamais serei feliz sozinha. A
solidão não é boa conselheira. O outro me sustenta como ser humano. Só através
do outro construirei a minha felicidade. Bela realidade.
Agora, é necessário estar bem comigo
mesma para poder me projetar no outro e, de fato, construir a minha felicidade.
Termino com Simone de Beauvoir:
“Não há uma pegada do meu caminho que não passe pelo
caminho do outro”.
Alteridade plena!