Lembro-me de Carlos Drummond de Andrade:
“A festa acabou
A luz apagou
O povo sumiu.
A noite esfriou.
E agora, José?
E agora, você?
(...)”
Pois é, José, estamos
no primeiro dia útil do novo ano. E a vida continua. Lembra-se das promessas?
Dos planos? Das metas?
Então é hora de começar em colocar em prática tudo o que foi
dito, prometido, conversado durante as festas de final de ano. Tudo não pode
passar de simples retórica, de discursos ao sabor da euforia das bebidas...
Nós os humanos sofrem de maneira diferente dos animais.
Estes se livram da dor usando seu instinto de sobrevivência. Nós teatralizamos tudo, dramatizamos as
coisas... E corremos sério risco de as decisões tomadas no ímpeto da euforia
ficarem apenas no âmbito da superficialidade.
“... e tudo acabou,
e tudo fugiu,
e tudo mofou.
E agora, José?
Alertou Drummond, porque a realidade
é essa!. O ano novo chega, as coisas são as mesmas, as pessoas as mesmas, as
dívidas as mesmas. O Salário Mínimo sobe, mas outras coisas (muitas outras)
aumentam e sua condição financeira continua a mesma (se não piorou...). E tudo
aquilo que aconteceu nas festas se desmanchou no ar como os fogos de artifício.
Mas nem tudo está perdido. Nem todos perdem a memória
recente. Muitos se lembram das promessas e elas estão presentes em suas mentes,
à espera de atos concretos para sua realização. O importante é não perdê-las de
vistas.
Nada vai acontecer num piscar de olhos ou no estalar dos
dedos. Vai depender da disposição nossa de romper com passado e partir para o
futuro nas bases já delineadas.
Assim, que venha o regime alimentar, a poupança, o
investimento, o fim do consumismo, a renegociação das dívidas, as novas
maneiras de tratar pessoas, o perdão dos malfeitos, os pedidos de desculpas, o trabalho duro, o cumprimento dos horários,
as caminhadas, a academia, as orações, o gosto pela música boa, a paz....
Para pessoas assim, realmente 2014 será um Feliz Ano Novo.
Para aquelas
Dotadas
de fraca memória, um triste ano velho
Nenhum comentário:
Postar um comentário