Rudyard
Kipling
(Tradução
de Guilherme de Almeida)
Se és
capaz de manter a tua calma quando
Todo o
mundo em redor já perdeu e te culpa;
De crer
em ti quando estão todos duvidando
E para
esses, no entanto, achares uma desculpa;
Se és
capaz de esperar sem re desesperares;
E não
parecer bom de demais, nem pretensioso;
Se és
capaz de pensar – sem que a isso só te atires,
De
sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se
encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires
Tratar
da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz
de sofrer a dor de ver mudadas
Em
armadilhas as verdades que disseste
E as
coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E
refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz
de arriscar numa única parada
Tudo
quanto ganhaste em toda a tua vida
E
perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado,
tornar ao ponto de partida;
De
forçar coração, nervos, músculos, tudo
E dar
seja o que for que neles ainda existe,
E a
persistir assim quando, exausto, contudo
Resta a
vontade em ti, que ainda te ordenas: Persiste!
Se és
capaz de, entre a plebe não te corromperes,
Entre
os Reis, não perder a naturalidade,
E de
amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se a
todos podes ser de alguma utilidade;
E se és
capaz de dar segundo por segundo;
Ao
minuto fatal, todo seu valor e brilho,
Tua é a
Terra com tudo que existe no mundo,
E – o
que ainda é muito mais – és um homem, meu filho!
Rudyard
Kipling
Contista
inglês. Nasceu em Bombaim (Índia) em 30 de Dezembro de 1865 e faleceu em
Londres em 18 de Janeiro de 1936. Prêmio Nobel de Literatura de 1907.
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