Hoje queremos falar de
ternura, algo tão presente, tão natural, tão sensível, tão confundido, pouco ou
nada reconhecido ou praticado, neste mundo tecnicista, hedonista, egoísta,
veloz, banal, tecnológico.
Ternura é uma
atitude, ou atributo, ou qualidade de
quem é terno, meigo, suave, carinhoso, espontâneo, simpático, empático, sem
“frescura”.
Ternura é carinho que
não se confunde com carícia. Carinho, filho da ternura, tem as mesmas qualidades
da sua mãe... Caricia é o toque interesseiro, materialista, com intenções
outras, como a sexualidade. Porém, a ternura não dispensa a carícia quando é
necessário, por exemplo, o consolo de uma tristeza pela perda de uma pessoa
querida por falecimento ou separação conjugal. Ou ainda quando a saudade pesa
demais e gera lágrimas. A ternura com carícia é o afago das mãos, o abraço
apertado, o acolhimento pelo ombro amigo. A carícia é instrumento da ternura.
Leonardo Boff, mestre
no pensar e no escrever, intitulou um artigo seu como “Ternura, a seiva do
amor”. Vale a pena ler. Está na internet, via Google.
Ninguém vive sozinho,
ninguém é uma ilha... Há uma interdependência entre as pessoas. Umas querem ser
olhadas, observadas, reconhecidas, São carentes. Outras observam, olham,
reconhecem, valorizam, pensam que percebem as carências e se aproximam para
ajudá-las ou para aproveitarem-se delas.
Há um risco, é preciso maturidade para reconhecer esses perigos.
As pessoas maduras,
com sentimentos puros, religiosos, não radicais, são paternos, pois protegem;
são ternos, pois acolhem, mas não são paternalistas, pois não infantilizam. A
ternura implica em maturidade e responsabilidade, uma vez que gestos de ternura
não podem ser confundidos com interesses exóticos ou eróticos. Ternura é um
sentimento puramente humano.
A pessoa terna tem
“quê” de timidez. Esse fator essencial para se separar aquelas que estão na
linha de frente da carícia pela carícia, do elogio pelo elogio, pelo
enxerimento. Pessoas assim são arrogantes, estúpidas, aproveitadoras,
machistas, nada entendem de ternura no seu mais nobre sentido. Devem ser
compreendidas sim, mas evitadas.
A ternura é fruto de
pessoas com sensibilidade religiosa elevada, Não fanática, não infantil... Mas
madura. O cristianismo pregou sempre isso: o perdão, não vingança, o cuidado
com os pequenos, não os de baixa estatura, mas os excluídos, os pobres e
aqueles que contrariavam a lei. É célebre o episódio de Madalena.
Vale lembrar a frase
mais divulgada de Ernesto Guevara: “Hay
que endurecerse, sin perder a ternura jamas”! Ele foi muito cultuado pelos
jovens, tidos revolucionários. Pena que nada aconteceu. Parece apenas mote para
outras rebeldias. Guevara queria uma juventude atuante. Inquieta, preocupada
com a preservação da natureza e com o bem estar da humanidade, como ainda o
querem Leonardo Boff, Pe. Zezinho e
outros sóbrios formadores de opinião, religiosos ou não.
A ternura nasce na
alma, passa pelo coração, pela razão e se projeta mundo afora... Não é ilusão. Nela
não acreditam os egoístas.
Imagem: Google
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