Como já
foi dito aqui a sociedade atual se apresenta de forma muito segmentada, com a população vivendo em condomínios, de
casas ou prédios, presa entre muros e grades. Nem poderia ser diferente, pois
uma das características do mundo atual é a violência e a insegurança.
Há
vantagens e desvantagens, as quais não discutiremos agora. Porém, uma das
consequências desse processo é o isolamento das pessoas no que se refere à
relação interpessoal. As pessoas se evitam, tem raros amigos, pouco se
comunicam, mergulhando no mundo da tecnologia com seus tablets, smarts, iphone,
ipads e outros quesitos dessa parafernália toda.
Muros
erguidos e pontes desconstruídas... Lembremo-nos de Cora Coralina: “Há muros que só a paciência derruba. E há
pontes que só o carinho constrói”.
Os
muros são os do medo, da insegurança, do
egoísmo, do “ter”, da elitização, do poder, da ganância, do preconceito, da
prepotência, d autoritarismo, da arrogância...
As
pontes referem-se aos atos de amor, amizade, acolhimento, altruísmo, caridade,
solidariedade, sorriso, alegria, respeito, liberdade, paz, construção do bem
comum, proteção do ambiente natural, preservação da vida, especialmente nos
instantes de maior vulnerabilidade que é no inicio, no ventre da mãe e no
ocaso, na velhice... Nada de aborto e eutanásia.
Cora
Coralina, de simplicidade e sabedoria extremas, mais uma vez nos deixa uma
lição de vida: paciência, algo raro quando se defronta com ritmo de vida cada
vez mais veloz. A paciência é fruto da introspecção, da reflexão, da paz, do
autocontrole, do respirar fundo. A paciência frutifica num ambiente de diálogo,
olho no olho, com ternura. Não há muro que resista a persistência da paciência
e da ternura.
Assim
também se dá com a reconstrução das pontes a partir dos braços abertos para o
acolhimento e do sorriso para acalmar os espíritos intrépidos e impacientes.
Alguém
precisa fazer essa parar, isto é, destruir muros e reconstruir pontes virtuais
e humanas... O mundo precisa, como Cora Coralina, de gente que cultive a
paciência e distribua carinho. Como pessoas, como seres humanos.
O mundo
precisa de perdão e de paz.
O mundo
precisa de gente como aquela corajosa mãe que visita, na prisão, o assassino de
seu filho, não para impingir-lhe a vergonha, o remorso, o arrependimento, mas
para mostrar-lhe a força do amor de mãe, de sua nova mãe...
Talvez
os muros nunca caiam e as pontes nunca reconstruídas. Mas se alguém fizer isso
no seu micro espaço de vida, isso pode ser um sinal de que a utopia de Cora
Coralina ainda possa ser, um dia, realidade.
O mundo
precisa de perdão e paz... De pontes... Não de muros...
Imagem:
Google
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