segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O INSTANTE PRESENTE


Um dos melhores filmes da cinemateca brasileira chama-se “Abril Despedaçado”, dirigido por Walter Sales, uma adaptação livre do livro do autor albanês Ismail Kadaré, com o mesmo título. O filme trata dos códigos de honra presentes no sertão brasileiro no início do Século XX. Numa disputa por terras entre duas famílias, o filho mais velho de uma mata o filho mais velho da outra. E assim por diante até, a eliminação completa, a menos que um fator estranho interfira no processo e encerre  o ciclo da violência. Vale a pena ver esse filme, desconhecido dos brasileiros, como tantas coisas boas que o mundo conhece e reconhece, menos por aqui.

Neste filme, numa das cenas de velório, o patriarca, cego, chama o matador de seu filho, a próxima vítima e lhe mostra um relógio na parede e diz: “...Está vendo aquele relógio? Ele está dizendo mais um, mais um. Mas para você é menos um, menos um...”

O rapaz seria o próximo a ser morto. Suas horas estão contadas. Assim é a vida. Os relógios, realmente marcam “menos um, menos um”. Nesse sentido não temos que nos agarrar ao passado com tanta avidez, nem o futuro com tanta ansiedade. O  que interessa é o presente, o “hic et nunc” (O aqui e agora).

O Professor Luiz Almeida Marins Filho conta que as pessoas gastam 85% seu tempo preocupando-se com o passado, com lamentações pelas perdas e coisas não feitas. Gastam também 10% de seu tempo pensando no futuro, vivenciando uma ansiedade muito forte com coisas que não têm certeza se vão realmente acontecer. E Apenas 5% de seu tempo com o presente. Vivem muito pouco o que a vida lhes oferece.

Viver com a cabeça no passado e mantê-lo do presente. E isso só atrapalha e turva a visão. Viver o futuro é deixar a vida passar e não se dar conta, pois o futuro está no horizonte. Quanto mais caminhamos em direção a ele, mais ele se afasta.

Portanto, vivamos o presente, Do passado guardemos as coisas boas, os aprendizados, as experiovivências. Viver bem o presente é construir o futuro.

A vida tem tanto a oferecer... Está certo que muitas coisas não vão bem e exige de nós um posicionamento. Porém, isso não deve nos causar angústias. O importante é escolher um estilo de vida, de acordo com as nossas premissas. Um conselho? Viver a paz, a partir das coisas simples.

Sem lamentações, sem ansiedade... Com agradecimentos constantes pelos dons que a vida nos oferece. A simplicidade não nos impede da conectividade com o mundo, com os amigos, com a história presente, enfim. A felicidade é um somatório de pequenas conquistas, dias bem vividos e noites bem dormidas.

Assim vivendo, sem perceber, ou inconscientemente, nem percebemos que o relógio da parede continua dizendo “...menos um, menos um, menos um”.


Imagem: Google.


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