terça-feira, 16 de setembro de 2014

PARA ALÉM DO DESEJO


“Os que se amam querem-se para além do corpo. São cúmplices da alma. Ele descobre nela o mistério e a importância de ser mulher, porque ela ou é, ou será mãe dos seus filhos. Ela descobre nele o mistério e a importância de ser homem, porque ele será ou é o pai dos seus filhos. O que os move não é apenas o prazer do sexo: é o prazer da pertença, da presença e da continuidade. Também há libido e o desejo carnal, mas há algo mais que transcende ao corpo, a libido e ao desejo (...)”.
Pe. Zezinho

Texto forte e corajoso, pois é complicado e chato falar de amor hoje em dia. Soa coisa ultrapassada, arcaica, assunto de velhos saudosistas.  O amor, hoje, é diferente, pois os relacionamentos são mais superficiais, voláteis, as famílias não são mais as mesmas...

O paradigma para quem nasceu dessa nova família é a banalização, a fragilidade dos vínculos, o amor verdadeiro em segundo plano. Mas no fundo há um saudosismo enrustido quando se fala ou se pensa no verdadeiro sentido do amor. Mesmo não o conhecendo, as pessoas sentem um vazio na alma, uma saudade de alguma coisa que só se explica quando se vive de fato o verdadeiro amor.

Como disse Pe. Zezinho, o verdadeiro amor “vai para além da genitália”. O sexo puro e simples é consumo,  é momentâneo, é satisfação de desejos. O verdadeiro amor também se compõe de desejo e sexo, mas como conseqüência, como correspondência, como complemento, como corolário, como consumação, como glorificação. O sexo é momento que termina, o amor é continuidade, consistência, cuidado, construção, dedicação, permanência, vontade e alegria de estar junto, como siameses, unidos pelo coração.

O verdadeiro amor impacta diretamente no diálogo, pois os gestos e as atitudes falam por si mesmos. As falas partem do coração, por isso são suaves, ao mesmo tempo eloqüentes. Quando se fala pelo coração não é necessário gritar. Só se grita quando o coração está longe. É a surdez mais grave e que leva à indiferença, o mais perigoso antídoto do amor.

Os amantes de verdade se compreendem quando se olham. À menor distância sentem saudade e ao se reencontrarem a alegria toma conta de seus seres. O abraço é sincero e o cuidado é mútuo. O respeito e a liberdade são plenos. Interessam-se um pelo outro, especialmente pela felicidade do outro. Utopia? Pertence a outra época? Nem tanto...

O amor verdadeiro extrapola o desejo. É um processo de doação, de construção, de colocar-se nas mãos da pessoa amada para que ela cuide. O amor verdadeiro rima com cuidados mútuos. Só o encontra quem está de coração aberto. E o sexo? Ah! Sim... Este é apenas um detalhe.

Valeu, Pe. Zezinho (José Fernandes de Oliveira, SCJ)


Imagem: Google.


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