Um dos melhores filmes
da cinemateca brasileira chama-se “Abril
Despedaçado”, dirigido por Walter Sales, uma adaptação livre do livro do
autor albanês Ismail Kadaré, com o mesmo título. O filme trata dos códigos de
honra presentes no sertão brasileiro no início do Século XX. Numa disputa por
terras entre duas famílias, o filho mais velho de uma mata o filho mais velho da
outra. E assim por diante até, a eliminação completa, a menos que um fator
estranho interfira no processo e encerre
o ciclo da violência. Vale a pena ver esse filme, desconhecido dos
brasileiros, como tantas coisas boas que o mundo conhece e reconhece, menos por
aqui.
Neste filme, numa das
cenas de velório, o patriarca, cego, chama o matador de seu filho, a próxima vítima
e lhe mostra um relógio na parede e diz: “...Está
vendo aquele relógio? Ele está dizendo mais um, mais um. Mas para você é menos
um, menos um...”
O rapaz seria o
próximo a ser morto. Suas horas estão contadas. Assim é a vida. Os relógios,
realmente marcam “menos um, menos um”. Nesse sentido não temos que nos agarrar
ao passado com tanta avidez, nem o futuro com tanta ansiedade. O que interessa é o presente, o “hic et nunc”
(O aqui e agora).
O Professor Luiz
Almeida Marins Filho conta que as pessoas gastam 85% seu tempo preocupando-se
com o passado, com lamentações pelas perdas e coisas não feitas. Gastam também
10% de seu tempo pensando no futuro, vivenciando uma ansiedade muito forte com
coisas que não têm certeza se vão realmente acontecer. E Apenas 5% de seu tempo
com o presente. Vivem muito pouco o que a vida lhes oferece.
Viver com a cabeça no
passado e mantê-lo do presente. E isso só atrapalha e turva a visão. Viver o
futuro é deixar a vida passar e não se dar conta, pois o futuro está no horizonte.
Quanto mais caminhamos em direção a ele, mais ele se afasta.
Portanto, vivamos o
presente, Do passado guardemos as coisas boas, os aprendizados, as
experiovivências. Viver bem o presente é construir o futuro.
A vida tem tanto a
oferecer... Está certo que muitas coisas não vão bem e exige de nós um
posicionamento. Porém, isso não deve nos causar angústias. O importante é
escolher um estilo de vida, de acordo com as nossas premissas. Um conselho?
Viver a paz, a partir das coisas simples.
Sem lamentações, sem
ansiedade... Com agradecimentos constantes pelos dons que a vida nos oferece. A
simplicidade não nos impede da conectividade com o mundo, com os amigos, com a
história presente, enfim. A felicidade é um somatório de pequenas conquistas,
dias bem vividos e noites bem dormidas.
Assim vivendo, sem
perceber, ou inconscientemente, nem percebemos que o relógio da parede continua
dizendo “...menos um, menos um, menos um”.
Imagem: Google.
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